Com instalações recuperadas e inauguradas em setembro de 2024, o Sítio das Marinhas, no Concelho da Moita, funciona como Centro de Intepretação Ambiental. Um espaço de reconhecido valor ecológico e arqueológico, pela riqueza da diversidade do meio, no que se refere à avifauna e às características particulares da ocupação e modelação humana.
A zona ribeirinha do Concelho da Moita, banhada pelo estuário do Tejo, é maioritariamente classificada como Reserva Ecológica Nacional (REN), sendo constituída sobretudo por antigas salinas, sapais, caniçais, areias e lodos, habitats de elevado valor ecológico.
Aqui encontra uma salina em funcionamento, reabilitada pelo Município da Moita, e ao lado pode observar como seria a paisagem original: uma antiga marinha em processo de renaturalização, regressando ao ecossistema de sapal com ocupação progressiva por espécies vegetais adaptadas ao sal e imersão parcial.
A ecologia do estuário
O Estuário do Tejo é um dos maiores da Europa Ocidental; cobre uma área de 325 Km2 e as zonas entremarés correspondem a mais de 40% do total. Tem, em média, uma profundidade relativamente baixa de 10 metros e o caudal das marés é muito superior ao do rio Tejo.
É uma zona de grande produtividade vegetal e animal e as grandes extensões de lodo proporcionam habitat a muitos seres vivos que servem de base às cadeias alimentares. Serve de “berçário” e viveiro a muitas espécies de peixes e proporciona abrigo, alimentação e local de nidificação a muitas aves.
Há vida nas salinas
As salinas, embora constituam um ambiente extremo, devido ao calor e presença de sal, abrigam uma quantidade considerável de fauna e flora.
Um pequeno invertebrado altamente adaptado à vida nas condições ambientais extremas das salinas é a artémia (Artemia salina). Entre os animais mais facilmente avistáveis no Sítio das Marinhas, destacamos também três espécies de aves: o Perna-longa, o Borrelho-de coleira-interrompida e o Corvo-marinho-de-faces-brancas.
Se estiver no Sítio das Marinhas voltado em direção ao estuário, pode avistar uma diversidade de aves aquáticas sobretudo na zona entremarés. As aves tendem a movimentar-se em busca de alimento junto aos canais onde circula a água, ou perto da linha de água sobretudo em situação de meia-maré, quando os invertebrados do lodo estão mais ativos. Se tiver binóculos ou telescópio terrestre, deve trazer consigo.
É no outono e inverno que poderá registar-se uma maior variedade de espécies e maior número de indivíduos, devido às migrações que muitas destas aves fazem, usando o estuário como uma espécie de entreposto de abastecimento e repouso. A vasta maioria está protegida por leis nacionais e europeias.