A AHP – Associação da Hotelaria de Portugal reuniu, no dia 25 do corrente mês, com representantes da Booking.com em Portugal, tendo em vista conhecer as interpretações e procedimentos que a plataforma tem relativos aos casos de cancelamentos de reservas em Hotéis por motivo de “força maior”.
Vários empresários associados da AHP têm apresentado queixas relativas aos procedimentos seguidos pela Booking, de devolução imediata aos clientes dos montantes das tarifas não reembolsáveis, sem acautelar o delay criado pela lei portuguesa (DL nº 17/2020, de 23 de abril) e a emissão de vouchers, o que penaliza, e muito, os empresários da Hotelaria.
A associação sublinhou junto da Booking a premência de ser assegurado, sempre, que ao cliente seja aberta em primeiro lugar a hipótese de reagendar a estada ou de ser emitido um voucher pelo hotel. Apenas e só quando a Booking não consiga obter uma dessas duas soluções, a AHP apresentou então duas propostas concretas: Criar uma conta corrente com os Hotéis/alojamentos parceiros, relativamente às devoluções que eles forem fazendo aos clientes e ir abatendo esse crédito aos alojamentos nas reservas/estadias futuras; Quando tal não seja possível, alargar prazos para debitar as devoluções aos hoteleiros de 60/90 dias (que a booking diz ser o prazo médio atual) para 150/180 dias.
Os representantes da Booking ficaram de apresentar as propostas da AHP à sede da empresa e responder no prazo máximo de duas semanas.
Raul Martins, presidente da AHP, considera que “ uma das maiores preocupações prende-se com a tesouraria, porque esta crise chegou na pior altura do ano. A grande maioria dos hoteleiros saía da época baixa com a sua tesouraria no limite do esforço, que a época alta viria aliviar, e por isso terá muita dificuldade em fazer face às devoluções exigidas pela Booking e outras OTAs. E não nos esqueçamos que estamos perante tarifas não reembolsáveis, pelo que o dinheiro já tinha sido recebido e gasto”. O mesmo responsável disse ainda que não pretendem “abrir uma guerra jurídica com a Booking, que em nada ajudará a encontrar uma solução favorável a todas as partes. O foco tem de estar na preservação da reputação da marca Portugal e de todo o goodwill que o Turismo e os seus players ganharam ao longo dos últimos anos. Fundamental mesmo é que haja solidariedade entre todos os operadores, sob pena de, caso hoje se exija que os hotéis devolvam imediatamente estes montantes, estes entrarem em incumprimento e virem a ser insolventes.”
A Associação da Hotelaria de Portugal assegura que “sabe que outras plataformas têm tido procedimentos semelhantes, pelo que está a procurar acompanhar todas as situações e tem, também, previstas reuniões com as suas congéneres em Espanha e França. Crê, no entanto, que o caminho a trilhar passa por encontrar um compromisso semelhante ao que foi proposto à Booking”.
De recordar que o DL nº 17/2020 veio estabelecer medidas excecionais e temporárias relativas ao cancelamento de viagens organizadas por agências de viagens e turismo, ao cancelamento de reservas em empreendimentos turísticos e estabelecimentos de alojamento local e às relações entre agências de viagens e turismo, operadores de animação turística e os Empreendimentos Turísticos ou Alojamento Local.