Carlos Baptista, administrador da rede de agências de viagens Bestravel, afirmou no passado fim de semana, em conferência de imprensa, à margem da XXVII convenção da rede, que decorreu na Figueira da Foz, que registaram uma quebra de produção de dois pontos percentuais no primeiro trimestre deste ano, quando comparado com o período homólogo de 2021. Para o responsável, estes números demonstram que no decorrer deste ano poderão “atingir os níveis de 2019”, sobretudo fruto do “trabalho realizado ao longo da pandemia”.
O administrador frisa que este será o ano “barómetro de referência” para a rede: “Acreditávamos, pelo trabalho feito pela marca e pelo trabalho enquanto agentes de viagens, que iríamos ganhar quota de mercado no espetro global de consumo do turismo, e nós, enquanto Bestravel, ainda poderíamos ganhar um pouco mais por aquilo que foi o trabalho contínuo que fizemos ao longo do tempo”, evidenciou.
Guerra na Ucrânia
Apesar de todo o otimismo, Carlos Baptista vê a guerra na Ucrânia a pôr em causa alguns dos objetivos dos agentes de viagens, dado ser “um fator que traz mais algum nível de instabilidade, quer ao nível da segurança das pessoas, porque há uma franja de mercado que é logo afetada por isso, quer ao nível da instabilidade económica e social que cria, pelo aumento das taxas de inflação e taxas de juro, o que faz com que as pessoas venham a ter eventualmente algumas dúvidas face ao consumo ou a loucura de consumo em períodos pós-traumáticos”, tendo dado como exemplo a pandemia em que o mundo ainda vive.
Mas, dado os “níveis de poupança que aconteceram durante a pandemia, acreditamos que não vai haver um efeito imediato, pelo menos naquilo que é o nível de consumo”, afirmou o gestor, admitindo, no entanto, que “se não houvesse guerra”, poderiam estar com “números substancialmente superiores”.
No que respeita ao resto do ano de 2022, Carlos Baptista disse que não sabe se vão “atingir os números de 2019, dado vivemos num mundo muito dinâmico, a economia e o consumidor são sensíveis a choques que possam acontecer”, mas pelo que têm até à data dá-lhes a confiança de que possam “atingir os valores de 2019” e assegura que estão “a trabalhar para isso”.
Aumento do preço dos combustíveis
Apesar do já conhecido aumento de preços dos combustíveis, que levou à atualização dos preços das viagens por parte de algumas companhias áreas, incluindo a TAP, o profissional acredita que os portugueses vão continuar a viajar e que este não será “um fator de inibição ou de cancelamento massivo”.
Em relação ao aumento dos preços, se não acontecer melhor. O que acreditamos é que, este ano, o cliente que quer viajar vai aceitar [este aumento], desde que seja dentro de algo razoável. Esperamos que os agentes económicos e, neste caso, as companhias aéreas que implementaram a subida de taxas por conta do aumento de preços, havendo a reposição de preços, também reponham as taxas e que haja uma normalização do mercado nesse aspeto”, finalizou.
Destinos mais procurados
Portugal Continental, Madeira e Açores foram os destinos mais vendidos pela rede Bestravel em 2021, seguindo-se as Maldivas e operações charter para a República Dominicana, Baleares e Cabo Verde.
Para este ano, Carlos Baptista garante que os destinos portugueses continuam a liderar as preferências, seguindo-se Cabo Verde, República Dominicana, Baleares, México e Tunísia. As Maurícias e o Dubai estão igualmente a registar uma procura “interessante”.
Já as Maldivas, que se pensava ser apenas um destino da moda durante a pandemia, está a provar que é muito mais que isso, dado a procura desenfreada para com aquele destino paradisíaco continuar.
Por outro lado, de referir que destinos como o Senegal, o Egito e Cuba, que não fizeram parte da panóplia de mercados turísticos comercializados em Portugal nos dois últimos anos, estão a registar nova procura, apesar de ainda não estarem entre os mais procurados.
Tendo contado com a presença de 180 agentes de viagens pertencentes à rede e fornecedores, a convenção da Bestravel decorreu, de 7 a 10 de abril, na Figueira da Foz.
