“A situação das fronteiras é um embaraço para o Governo”, afirma secretário de Estado das infraestruturas

*Por Sílvia Guimarães

“A situação das fronteiras é um embaraço para o Governo. Não tem outro nome. Temos que ter uma atitude de humildade relativamente ao que fazemos e, neste momento, é um embaraço e a única coisa que se podia fazer era pedir desculpa”, disse hoje Hugo Espírito Santo, secretário de Estado das Infraestruturas, em Macau, no 50º congresso da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo (APAVT).

Embora garanta que as causas estejam identificadas e estejam a ser avaliadas soluções, o governante elogiou a ANA – Aeroportos por todo o apoio que tem dado.

As longas filgas de espera dos viajantes à chegada ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, são vistas pela ANA Aeroportos como “um problema seríssimo”.

José Luís Arnault, chairman da Ana Aeroportos, aponta o dedo ao Estado por não estar a cumprir o que ficou decidido aquando da assinatura do contrato de concessão, que estipulava “serviços e tempos mínimos” na passagem pelas fronteiras e alfândegas dos aeroportos nacionais, algo que nunca chegou a ser cumprido por parte do Estado.

“O problema das fronteiras é um problema seríssimo. Há um problema de recursos humanos objetivo e há um problema de gestão dos recursos humanos existentes [por parte do Estado]. Temos estado em conversações com o ministro da Presidência e a Secretaria de Estado das Infraestruturas de forma a redesenhar as boxes para podermos aumentar o seu fluxo”, referiu.

Por outro lado, Luís Arnault aponta o dedo à tutela, pois considera que “o entrave está no facto dos aviões começarem a chegar às 5h30 da manhã e desembarem cerca de 600 pessoas no aeroporto de Lisboa que precisam de passar pela fronteira. Das 16 boxes existentes estão a trabalhar em média umas sete e, muitas vezes, apenas duas ou três”. Quanto às máquinas de passaporte eletrónico (e-Gates), o responsável garante que “mais de 50% estão fechadas” e isso tudo gera uma acomulação de pessoas. “Quando a fila já está quase com uma espera de 90 minutos decidem reforçar, no entanto já chegaram mais aviões, entre as 7 e as 8 das manhã, e cerca de 1000 a 1200 passageiros mais”, mencionou ainda, acrescentado que “o problema é todo por falta de recursos humanos, porque se as 16 boxes e os e-Gates estivessem a funcionar a 100% iria existir uma muito maior fluidez”.

Outro contrangimento apontado por Luís Arnaut é a falta de condições da própria infraestrutura aeroportuária. “Estamos a lidar com uma estrutura que tem 83 anos e que foi desenha para 22 milhões de passageiros e, hoje em dia, tem 36 milhões, num diferença de 14 milhões, que é mais ou menos o tráfego do Aeroporto Sá Carneiro, no Porto”, esclareceu, frisando que “há um problema de saturação e esforço na utilização dessa infraestrutura. Do ponto de vista de gestão fazemos o melhor que podemos, estando em processo de contante melhoria das instalações, com todas as limitações que implica uma estrutura que tem de estar sempre aberta e a trabalhar”, concluiu.

Nos ultimos anos foi feito um investimento de 365 milhões de euros no aeroporto de Lisboa, mas a infraestrutura aeroportuária está a passar por obras de expensão avaliadas em mais 200 milhões de euros, que deverão estar concluídas em 2027.

*A jornalista em Macau a convite da APAVT