Eurodeputada defende criação de plataforma para defender Turismo a uma só voz

Eurodeputada Cláudia Monteiro de Aguiar e Secretária Regional de Turismo, Cultura e Assuntos Europeus da Madeira, Paula Cabaço

Mais de 200 pessoas participaram esta terça-feira, 21 de novembro, naquela que é já a 3.ª edição da Conferência Internacional de Turismo “Trends & Dinamics”, e que se realizou em Lisboa, este ano sob o tema “Mega Drivers For Future Tourism”. Um evento levado a cabo pela eurodeputada Cláudia Monteiro de Aguiar e que contou com várias figuras do setor, entre elas Taleb Rifai, secretário-geral da Organização Mundial de Turismo.

Em cima da mesa estiveram temas atuais, como “Make Destination smart and sustainable”, “Trigger Tourism Investment”, “Digital make the travel better?” e “Skills for the Future in Tourism”.

Para a eurodeputada a Conferência revelou-se “bastante positiva” quer em número de participantes, que segundo a mesma “esteve ao nível das edições anteriores que promovi, mas com a particularidade deste ano sentir a presença de escolas de alunos que estão interessados nestas matérias, que envolvem o setor do turismo e que tem o impacto real nas suas vidas ou nos seus estudos e futuramente no seu emprego”. Numa clara referência a uma escola de turismo de Viana de Castelo que veio assistir à Conferência.

Em segundo lugar, Cláudia Monteiro de Aguiar, que falou aos jornalistas à margem do evento, disse ainda que “o nível de debate em determinados painéis, nomeadamente no de tecnologia e digitalização mereceu uma atenção especial, promoveu o debate e no fundo acaba por ser o objetivo que almejei com esta Conferência que é a de ‘food for thoughts’. Aquilo que estamos a discutir no Parlamento Europeu em matérias de legislação, aquilo que é promovido pela Comissão Europeia, as grandes temáticas e áreas que influenciam o setor, trazê-las para a nossa realidade, trazê-las aos estados membros e aproximar as instituições europeias, aquilo que se discute da realidade local e destas matérias que acabam por influenciar a economia, mas que acabam por influenciar diretamente os cidadãos.”

A mesma responsável deixou ainda a certeza que no próximo ano haverá nova edição, até porque segundo a mesma “é um dos meus objetivos de mandato, fazer uma conferência por ano, portanto são cinco anos de mandato, esta é a terceira e certamente farei pelo menos mais duas”. Quanto à temática escolhida a eurodeputada diz ainda ser cedo avançar, até porque no início do ano fará uma atualização daquilo que está a ser discutido no momento.

Portugal no bom caminho

Questionada sobre se Portugal está no bom caminho, Cláudia Monteiro de Aguiar, acredita que sim, uma vez que em certos temas como o do alojamento local, o País é amiúde dado como “um exemplo pioneiro, que conseguiu arranjar um enquadramento e tornar legal aquilo que estava escondido, aí somos pioneiros”. Em matérias como tecnologia e startups Portugal também está bem posicionado.

No entanto, a eurodeputada deixa uma crítica e um desafio ao setor: “Precisamos de trabalhar em conjunto, precisamos de arranjar aqui uma união e trabalharmos a uma só voz. Somos muitas associações em Portugal e há objetivos comuns a todas e portanto esse tem de ser o próximo passo, encontrar matérias que dizem respeito a todos, até porque a nível de financiamento, pode ser aproveitado se tivermos um objetivo comum: na eficiência energética, questões ambientais, na questão do trabalho, das skils, da formação, podemos ir buscar financiamento para estas áreas se encontrarmos uma plataforma, uma só voz, alguém que trabalhe em conjunto e não de uma forma dividida, porque juntos somos mais fortes.”

E deu mesmo o exemplo de países como a Croácia e a vizinha Espanha, que segundo a mesma “encontraram estes objetivos comuns, criaram plataformas onde se sentam todos à mesma mesa, definiram objetivos e estão a aceder a financiamento europeu”.

Mão de obra qualificada

Quanto à questão que se tem levantado ultimamente e que passa pela falta de mão de obra qualificada no setor do Turismo, a responsável acredita “há todo um trabalho não só de comunicação, mas também de demonstração entre aquilo que é o mundo real e aquilo que é dado nas faculdades. Os formadores têm de entender quais são as reais necessidades do mercado e trabalhar no sentido de não só de facultar cursos que deem resposta às necessidades do mercado, mas facultar esses cursos identificando, valorizando os próprios empregos”.

Cláudia Monteiro de Aguiar sublinha que ainda “há uma certa vergonha em aceitar um empregado de mesa ou de limpeza de hotel. Ainda não é dignificante e é preciso desmistificar isso. Há todo um trabalho de open mind, de fazermos com que as pessoas vejam estes como trabalhos meritórios no setor do Turismo. Com isso traremos mais pessoas à formação no setor e consequentes aumentos de salários”.

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