Visitar o arquipélago da Madeira é muito mais do que uma experiência de contemplação. Conhecer as ilhas é, para além de visitar lugares de inegável espetacularidade, mergulhar na cultura gastronómica que tem nas mãos do povo a principal razão para o seu sabor incomparável.
Em qualquer restaurante que se dedique à gastronomia tradicional da Madeira, somos brindados com o toque do sabor caseiro em tudo aquilo que petiscamos e a razão para tal é o facto da cozinha tradicional trazer, no seu legado, a componente da simplicidade, da partilha e da alma madeirense. Saborear a comida tradicional da Madeira é, por isso, tanto uma experiência sensorial incrível, como também uma das melhores formas de conhecer, verdadeiramente, a cultura madeirense.

A autenticidade das iguarias da Madeira
O segredo de algumas das mais conhecidas iguarias madeirenses é, justamente, não ter segredo. Com a simplicidade de quem, durante séculos, foi obrigado a viver com pouco, os madeirenses celebrizaram pratos que primam pelo genuíno e fresco sabor.

Falemos, por exemplo, da típica espetada regional. A carne de vaca, cortada em pedaços e temperada com sal grosso, é “espetada” em pau de loureiro – árvore abundante na Madeira – e assada na brasa. E o que será melhor para acompanhar esta tenra e suculenta carne? Milho frito. Estes cubos de farinha de milho e couve picada são, também, uma expressão da gastronomia tradicional da Madeira e que, em boa verdade, acompanham, deliciosamente, tanto carne como peixe.

E por falar em peixe… o peixe-espada preto é um dos pilares da gastronomia tradicional da Madeira. Cozinhado de um sem-número de maneiras, tem no filete, dourado com farinha e ovo, a expressão máxima do seu regionalismo.

Do peixe para o marisco, porque não podemos ignorar a entrada preferida de quem visita o arquipélago da Madeira: lapas grelhadas. Chegam à mesa a fumegar, aguçando o apetite. O tempero? Um pouco de manteiga e sumo de limão.

O atum é um peixe abundante nestas costas. A especialidade? O bife de atum com molho vilão. Este delicioso prato tem no molho, feito à base de vinho branco, vinagre, cebola e segurelha, o carimbo de ex-libris gastronómico regional. Um molho que pode ser, também, usado nas cavalas – outro peixe muito comum nos mares do arquipélago.

O vinho e o vinagre são, de resto, dois ingredientes que, na Madeira, convidam todos a uma viagem de paladares. Um dos outros regalos da gastronomia tradicional madeirense é a carne vinha d’alhos. Esta iguaria, que pode ser consumida durante todo o ano, tem na época natalícia o expoente da sua confeção. Em casa, num restaurante ou nas típicas barracas de comida que adornam os mercados de Natal, distribuídos pela região, os saborosos bocados de carne podem ser servidos no prato ou num pão.

No capítulo da doçaria, não pode deixar de ser referido o bolo de mel, uma das mais antigas e tradicionais especialidades madeirenses. Este bolo rico e aromático está intimamente ligado à história da ilha da Madeira, remontando ao período em que o cultivo da cana-de-açúcar era uma das principais atividades económicas da região. A sua receita, onde ressalta o mel de cana sacarina, reflete a abundância de ingredientes locais e as influências culturais.

E porque uma boa refeição não fica completa sem um bom néctar, há que referir o afamado Vinho Madeira. Trata-se de vinho fortificado de prestígio mundial, conhecido por sua história, técnicas únicas de produção e extraordinária longevidade. Produzido exclusivamente neste arquipélago, é um símbolo da cultura insular e uma das joias da vinicultura portuguesa.
