Malta, o segredo do Mediterrâneo

A Air Malta retomou as suas ligações diretas para Lisboa com dois voos semanais, à quinta-feira e domingo. O sucesso da procura levou a companhia aérea a garantir “mais dois voos, num total de quatro a partir do próximo ano”, revelou José Espartero, Regional Sales Manager da companhia aérea Air Malta, num encontro com jornalistas em Malta. 

 

Crónica de Sandra Silveira

 

Com 80% dos passageiros a visitarem o arquipélago em lazer, o governo maltês procedeu a uma “reorganização da companhia aérea”, apostando “a sua localização geográfica numa estratégica para se tornar um hub mediterrâneo”, fazendo a ligação entre o Este e o Oeste, com o objetivo de se tornar na “companhia aérea do Mediterrâneo.”

A voar para 25 destinos na Europa, Norte de África e Médio Oriente, com uma frota de 9 aeronaves, a companhia de bandeira, que transporta 1,7 milhões de passageiros/ano, voa ainda para cerca de 150 destinos em regime de code share com outras companhias aéreas.

 

Um pouco de história

Malta é um dos países mais pequenos do mundo, mas enorme em termos de história e de património, com a capital, Valeta, as catacumbas de Malta e Gozo e os Templos Megalíticos a figurarem como Património Mundial da UNESCO. E não é difícil perceber o porquê, quando passeamos pelo arquipélago.

Civilizações como fenícios, árabes ou romanos passaram pelas ilhas, até à chegada da Ordem de Rodes, mais tarde denominada por Ordem de Malta, em 1530, através de cedência daquele território por parte de Carlos V de Espanha. Quando se dá o Grande Cerco e a vitória da Ordem sob os otomanos, em 1565, Malta assiste à construção repentina de cidadelas, muralhas, torres de vigia e à construção de uma nova capital, junto ao mar, facilitando a defesa em caso de novos ataques. Nasce assim Valeta, em homenagem ao grão-mestre da ordem e herói do Grande Cerco, Jean Parisot de la Valette.

 

Locais a visitar

Em Valeta, as ruas borbulham de turistas quer nas esplanadas das praças quer num dos cerca de 320 monumentos que tem para se conhecer. O mais icónico é a co-catedral de S. João. Construída em quatro anos, em estilo barroco, os tetos têm a particularidade de efeito a 3D em algumas figuras, e no chão, 406 túmulos decorados em mármore colorido dos principais cavaleiros da Ordem. Nas laterais, oito capelas dedicada a cada uma das línguas dos Cavaleiros. Esta é, aliás, a razão pela qual a Cruz de Malta tem oito pontas. No oratório encontra-se a famosa obra de Caravaggio, a Decapitação de S. João Baptista, pintada durante o período em que o pintor viveu na ilha, antes de ser expulso.

A partir dos Jardins Upper Barrakka tem-se uma vista panorâmica do Porto Grande e das 3 Cidades: Birgu ou Vittoriosa, Senglea e Cospicua, mas é possível conhecê-las de perto utilizando os tradicionais barcos malteses, dghajsa. Em Birgu, entre as ruas estreitas e silenciosas, encontra-se o antigo quarteirão onde os Cavaleiros tinham os seus albergues.

Este ano, Valeta é capital europeia da cultura e, para além de tudo o que por si já tem para oferecer, tem ao longo deste ano um acréscimo de iniciativas e atividades que vale a pena conhecer e explorar.

Mdina foi a primeira capital de Malta, antes da construção de Valeta. A 11 quilómetros da capital e localizada no ponto mais alto da ilha, é hoje conhecida como a Cidade Silenciosa, por contar entre muralhas com apenas 300 habitantes e ser interdito automóveis no seu interior, exceto de moradores e de emergência. E é real: o silêncio impera. A arquitetura, em estilo barroco e medieval, com pátios, becos e ruas estreitas para proporcionarem sombra, guiam-nos até ao seu ex-libris, a catedral de S. Paulo. Percorrer estas ruas é mergulhar na história, sendo ainda possível visitar as antigas catacumbas e passagens subterrâneas de Mdina.

O país é extremamente católico devido a S. Paulo que, após naufragar em Malta, introduziu aquela religião no país, mantendo-se até hoje. É, por isso, o padroeiro do arquipélago. Com cerca de 365 igrejas, catedrais e basílicas, é possível visitar uma diferente todos os dias do ano.

A sul, a vila piscatória de Marsaxlokk, com os seus barcos de pesca tradicionais, os luzzus, barcos coloridos com olhos pintados na proa, uma tradição que se mantém desde o tempo dos fenícios e que pretende proteger o barco e pescadores. Cabe às esposas vender no mercado o que os maridos pescadores apanham. Perto, e também acessível através de barco, está a piscina natural de S. Paulo. Para quem prefere o conceito de praia com areia, as mais conhecidas são a de Golden Bay e Ghajn Tuffieha, onde as águas claras permitem a prática do snorkeling.

A caminho do ferry para uma travessia de 25 minutos até à ilha de Gozo, uma rápida paragem para contemplar Popeye Village, cenário construído de propósito para o filme e que serve de atração turística. O turismo cinematográfico é um dos grandes fortes do país, com Malta a servir de cenário para mais de uma centena de filmes e séries ao longo dos anos, como The Game of Thrones, o Gladiador ou o Conde de Monte Cristo.

 

Gozo, a irmã mais nova

A segunda maior ilha do arquipélago, Gozo, é uma ilha mais pacata, mais verde, mas tão vibrante quanto Malta. Terra de lendas e mistérios, o périplo começa pelos Templos de Ggantija, considerado Património Mundial da UNESCO. Trata-se das estruturas neolíticas mais antigas do mundo, com mais de 6000 anos e, segundo crenças locais, foi construída por gigantes.
Vitoria é a capital da ilha de Gozo e no seu ponto mais alto estende-se a imponente cidadela, uma fortificação desde o Neolítico, 1500 a.C., e que foi sendo adaptada ao longo dos séculos pelos vários povos que conquistaram o arquipélago. No seu interior, encontram-se os Museus da Ciência, da Arqueologia, do Folclore e as velhas prisões. Mas o momento alto é quando, entre uma rua estreita que desemboca numa pequena praça, se ergue de forma majestosa a Basílica de S. Jorge. É ainda possível percorrer a extensão das muralhas para uma panorâmica da ilha.
Com água clara e quente, Gozo é um dos destinos de eleição para a prática de desportos aquáticos e para o mergulho, com grutas, recifes e destroços para explorar. Um desses locais é em Dwejra, onde se encontra o Buraco Azul e é possível mergulhar para ver a Janela Azul, um dos marcos naturais da ilha que desmoronou no último ano e que agora contribui para a biodiversidade marinha local. Não com o mesmo impacto, mas igualmente impressionante, é aquela a que se pode chamar irmã da Janela Azul, a Janela Wied il-Mielah, igualmente um arco natural de calcário que se estende sob o mar. Se as condições o permitirem, é possível descer até junto do arco.
Cavadas à mão em rocha calcária, as salinas de Qbajjar resistem ao fim de 350 anos e continuam ainda hoje em funcionamento com o mesmo procedimento do início.

 

Onde comer e onde ficar

Com uma vasta oferta em hotelaria e restauração com preços acessíveis, as opções são variadas e disponíveis para vários tipos de carteira. Perto de Valeta, fica St. Julian’s, uma cidade à beira mar com vida noturna badalada. Junto à praia, o InterContinental é uma das opções. É também nesta cidade que se encontra o restaurante Wigi’s Kitchen, que serve pratos tradicionais mediterrâneos.
Após o percurso de barco pelas 3 Cidades e antes de percorrer Birgu, a sugestão é um almoço leve no Cargo, que fica na zona pedonal frente ao mar.
Na ilha de Gozo, dentro da cidadela e para repôr energias antes de percorrer as muralhas, uma refeição no Ta’Rikardu com pratos locais. O coelho é uma das especialidades do arquipélago.
Para descansar, o The Kempinski Hotel San Lawrenz perto de Dwejra.

A história tem passado por Malta e deixado as suas marcas que o país tem sabido utilizar para se projetar e dar a conhecer ao mundo. Após um curto domínio francês de dois anos, pela conquista por parte de Napoleão Bonaparte, em 1798, que levou à expulsão dos Cavaleiros de Malta, os malteses com ajuda britânica reconquistam o arquipélago,mantendo-se sobre domínio inglês até à sua independência, em 1964. A par do Maltês, o Inglês é a segunda língua oficial.

 

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