O presidente da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, Pedro Costa Ferreira, afirmou esta sexta-feira, dia 30 de abril, no Funchal, que “o maior problema identificado [ao bom funcionamento da tour operação em Portugal] chama-se TAP”.
Pedro Costa Ferreira, que esteve reunido no arquipélago com o secretário regional do Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, e com os oito operadores turísticos portugueses que mais vendem o destino Madeira, por ocasião da Madeira ser o Destino Preferido APAVT 2021, disse mesmo que a transportadora aérea “é um elefante na sala”, que “tem mantido inconsistência de operação e uma inflexibilidade tarifária brutal, ao contrário da sua concorrência, o que provoca um afastamento de reservas de grupos, corporate e charters”.
O dirigente associativo avança ainda que “tem sido muito difícil” para a tour operação dialogar com o departamento comercial da TAP e que “tarda uma substituição da estrutura comercial que dialogava com o trade e que permitia que, de mil milhões de euros de passagens aéreas emitidas em Portugal pelos agentes de viagens em 2019, só em linhas regulares, 50% fosse da TAP. Estes mil milhões têm um significado grande na relação com a TAP, primeiro, porque são mil milhões, segundo, porque são o maior número desde sempre do BSP”.
Por outro lado, o responsável alertou que após os seis charters que foram “obrigados a colocar no mercado, sem ser com a TAP, a companhia anunciou mais seis voos regulares, que afinal são três. Os seis charters praticamente lotam a capacidade hoteleira de Porto Santo. Por isso não sei se a TAP vai promover raves em Porto Santo, incluindo dormidas em tendas, ou se vai cancelar mais algum voo depois daqueles seis que foram anunciados”.
Para combater esta falta de diálogo da TAP para com a tour operação, Pedro Costa Ferreira defende que os operadores devem unir-se e trabalhar em conjunto para terem uma operação charter também para a Madeira. “Acabámos a reunião a pensar se não será necessário os operadores unirem-se e fazerem um charter para a Madeira de modo a trazerem turistas nacionais a tarifas mais baixas do que aquelas que estão a ser feitas para Cancun”, referiu, adiantando ainda que a companhia aérea “não respondeu a nenhum pedido de cotação charter este ano”.
Eduardo Jesus reforçou este apontar do dedo à TAP e revelou que vê “com pena” o facto de “a companhia de bandeira não estar associada a esta grande operação nacional” para o Porto Santo. “Naturalmente faz confusão, até ao público em geral, como é que uma operação destas é concretizada com uma companhia estrangeira”, afirmou Eduardo Jesus, referindo-se à Iberia.
“A Madeira reivindica uma postura diferente relativamente a este destino. Tanto mais porque sabemos que a linha da Madeira é a mais rentável, depois das ligações internacionais à América Latina. A Madeira não pode ser o mealheiro de uma companhia que depois precisa dos contribuintes nacionais para a manter viva”, deixou claro.
O secretário regional do Turismo e Cultura anunciou que até ao final do mês de maio irão vacinar cerca de 25 mil profissionais do setor do turismo e está confiante dos bons resultados para este ano, apesar de em agosto do ano passado já terem conseguindo alcançar o melhor agosto de sempre de turistas nacionais para o Porto Santo.
“Tencionamos conseguir atingir um novo recorde porque a Madeira tem feito uma gestão interna da pandemia que traz muita segurança ao consumidor”, avançou o governante regional.
No que respeita ao Reino Unido, Eduardo Jesus também se mostrou confiante sobretudo com o anúncio de nove voos da companhia aérea britânica JET2 para a Madeira, estando apenas à espera que o Reino Unido termine comias restrições para com o destino insular português.
por Sílvia Guimarães
* A Viajar Magazine viajou até ao Funchal a convite da APAVT e do Governo Regional da Madeira.