Bernardo Trindade já foi secretário de Estado do Turismo no Governo PS de José Sócrates e atualmente assume as funções de administrador do grupo hoteleiro Porto Bay. A viajar esteve à conversa com o gestor e ficou a conhecer a sua posição em relação a alguns dos temas da atualidade no setor do Turismo, assim como os resultados e projetos do grupo a que está ligado.
Correu o ano de 2015 para o Grupo Porto Bay?
O ano de 2015 correu muito bem e, pela primeira vez, conseguimos ultrapassar os 70 milhões de euros de faturação, na realidade conjunta entre Portugal e o Brasil.
A operação na madeira foi magnífica, com taxas médias de ocupação superiores a 93% durante todo o ano, o que é absolutamente notável. Também no Algarve conseguimos manter esta taxa de 92% nos meses não sazonais, ou seja de maio a outubro, embora os meses de março, abril e outubro tenham apresentado igualmente comportamentos muito positivos, o que é significativo para reduzirmos ao mínimo a sazonalidade, embora vai sempre existir.
Tivemos ainda a abertura do Porto Bay Liberdade, a nossa primeira unidade em Lisboa, que de março a dezembro registou taxas de ocupação superiores a 75%, o que é muito interessante para um primeiro ano e para uma nova experiência na cidade de Lisboa.
Apesar da crise financeira que o Brasil está a atravessar, posso dizer que até mesmo nas duas unidades que temos nesse país, no Rio de Janeiro (Copacabana) e São Paulo (Avenida Paulista), o comportamento geral foi positivo. Ligeiramente abaixo do ano excecional de copa de 2014, e aproveitando a depreciação do real que trouxe mais americanos e europeus.
Qual foi a evolução nas receitas de 2014 para 2015?
Embora ainda não tenhamos o ano completamente fechado e termos mais uma unidade agregada à nossa oferta, tivemos um crescimento superior a 10%. Posso dizer que superou até um pouco a nossa expetativa porque no início não poderíamos adivinhar o bom ano que viveríamos na Madeira, no Algarve e em Lisboa, além do bom comportamento brasileiro.
Para 2016 tencionamos prosseguir com este caminho.
Expansão sobre bases sólidas
Já está em vista a expansão a novas unidades?
Somos conhecidos como sendo um grupo muito conservador nos seus projetos de expansão. Temos como opção de gestão crescer em bases muitíssimo sólidas. Não querendo entrar em comparação com outros grupos hoteleiros portugueses, o Grupo Porto Bay tem um rácio inferior a 1.5 entre dívida e EBITDA, o que é muito significativo e revela bem a forma muito criteriosa com que olhamos para os projetos.
Para o ano de 2016 temos como objetivo concluir, abrir e entrar em exploração com o Porto Bay Marquês, além de iniciarmos a construção das 28 suites junto ao Hotel Cliff Bay, no Funchal, que indiscutivelmente complementarão a nossa oferta naquela cidade.
E a longo prazo, há outros destinos para os quais tencionam expandir-se, para além do Brasil, onde já têm duas unidades?
A nossa perspetiva em termos de presença passa pela possibilidade de olharmos para cidades europeias com potencial interesse e boas localizações, onde possamos passar um pouco a nossa imagem. Não há nada de concreto, embora estejamos sempre em interação com o mercado.
O que queremos deixar em termos de gestão é um bom compromisso de gerações, sempre com um enorme respeito por aqueles que iniciaram este projeto, já lá vão mais de 35 anos. Estou a falar, é claro, de António Trindade, David Caldeira, Michael Blandy e Henrique Jaime Welsh, que são os fundadores do Grupo Porto Bay. Pretendemos transmitir às novas gerações que devem seguir um caminho que não ponha em causa a viabilidade dos projetos, mas que os complementem, valorizem e enriqueçam, sempre com passos muito bem medidos.
Leia o artigo completo na Edição de Fevereiro (nº 346) da revista VIAJAR – Disponível online