O aumento dos custos com matérias-primas, energia e transportes já está a fazer estragos junto das empresas de restauração, similares e do alojamento turístico. Segundo o mais recente inquérito da AHRESP, realizado em maio, a esmagadora maioria das empresas de restauração e similares (94%) já sentiram o impacto da situação de guerra na Ucrânia e da pressão inflacionista na sua atividade desde o início do ano. Entre as empresas de restauração e similares, as consequências são preocupantes: 77% sentiram aumentos de até 50% nos custos com matérias-primas, nos transportes e na energia, enquanto 47% das empresas de alojamento turístico registaram incrementos de até 15%.
Mais grave é o facto de 73% dos empresários da restauração e similares confirmarem já ter sentido escassez de produtos essenciais para o exercício da sua atividade, o que, aliado ao aumento dos custos operacionais, levou ao aumento de preços ao cliente.
De facto, 86% das empresas de restauração e similares e 51% do alojamento turístico já tiveram de atualizar os preços de venda, mas até um máximo de 15%, o que revela uma forte contenção por parte das empresas, que preferem esmagar margens a fazer recair o significativo aumento de custos junto dos clientes.
As consequências ao nível da faturação já se sentem: 63% das empresas de restauração e similares e 39% das empresas de alojamento continuaram a registar quebras no 1.º quadrimestre de 2022, face ao período homólogo de 2019.
Como forma de resolver este problema, as empresas (85% de restauração e 41% de alojamento) consideram que uma das medidas essenciais seria, tal como a AHRESP tem vindo a defender, a aplicação temporária da taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas. Os apoios financeiros para a otimização de consumos e a transição energética são também considerados muito importantes.
Um dos maiores problemas, além do aumento de custos, é a falta de trabalhadores: o inquérito da AHRESP revela que, pela ausência continuada de trabalhadores suficientes, 53% das empresas de restauração e 26% das empresas de alojamento indicam que pode vir a estar em causa a boa prestação e qualidade dos nossos serviços.
Em relação às perspetivas para o verão, o inquérito conclui que para 47% das empresas de restauração e 73% das empresas de alojamento este será igual ou melhor do que em 2019. Já para 39% das empresas de restauração será pior.
À margem do inquérito, a AHRESP realizou um estudo sobre a constituição e dissolução de empresas destes setores em Portugal (fonte INE). Uma das conclusões é a quebra acentuada na constituição de empresas em 2020, que no canal HORECA diminuiu 29,2% (-39,4% no alojamento turístico e -24,8% na restauração e similares). Em 2021, a restauração não seguiu a tendência nacional e o número de novas constituições continuou a descer face a 2020 (-1,62%). No que concerne à dissolução de empresas, após uma diminuição nos anos de 2019 e 2020, o ano de 2021 registou uma tendência crescente de aumento das dissoluções, com o pico a ser atingido no 1.º trimestre de 2021. Destaca-se o encerramento definitivo de 1160 empresas do canal HORECA no primeiro trimestre de 2021, o dobro do registado em 2020.