Foi assinado, esta manhã, um memorando para a criação do Conselho Estratégico Nacional do Enoturismo, no decorrer da 5ª Conferência Global da OMT sobre Enoturismo, que termina amanhã, dia 10 de setembro, em Reguengos de Monsaraz, e que conta com 200 participantes presenciais e 600 online de cerca de 70 países.
Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, adiantou aos jornalistas, à margem da conferência, que a ideia e criação deste conselho estratégico “começou em 2019 da iniciativa de um plano de ação do Turismo de Portugal para alargar o compromisso do Enoturismo a outras entidades, públicas e privadas, em todo o território nacional”.
O responsável afirmou que o desenvolvimento da oferta do enoturismo em Portugal surge em primeiro lugar, após terem sido definidas as quatro estratégias que levaram à criação deste conselho estratégico. “A capacitação dos empresários, do setor público e do setor privado, de que este é um setor de aposta no nosso país, é algo que vem sendo construído e que hoje é um valor assente em qualquer lugar”, referiu Luís Araújo.
A segunda estratégia apontada pelo responsável é a formação. O presidente do Turismo de Portugal avançou que “quatro mil pessoas, em dois anos, participaram em mais de 90 ações de formação, feitas pelas Escolas do Turismo de Portugal”, tendo referido como exemplo as formações online dadas durante a pandemia, a maioria sobre o enoturismo e o vinho em Portugal”.
“Formação em enoturismo nunca é suficiente, precisamos sempre de mais, mas é um caminho que vamos fazendo ao longo do tempo e penso que estamos no caminho certo, aproveitando o benchmark que muitos países já têm e corrigindo as situações de outros para dinamizarmos aquilo que queremos, ou seja, sermos um dos países de enoturismo mais reconhecidos do mundo”, enalteceu Luís Araújo.
A promoção foi outra das componentes que o especialista frisou como sendo estratégica. “Com o lançamento, às primeiras horas da manhã, do website portuguesewinetourism.com, com a campanha do Wine Pairs With Portugal e os workshops e roadshows que estão a ser feitos, podemos ver que estamos a trabalhar fortemente no setor, mas é algo que queremos potenciar ainda mais”, disse. “A captação de eventos internacionais ligados ao enoturismo” é outro dos grandes objetivos, tendo dado como exemplo a conferência que agora se está a realizar em Reguengos de Monsaraz e a Wine and Travel Week, que irá decorrer, em fevereiro de 2022, no Porto, novidade lançada pelo ministro Pedro Siza Vieira, no discurso de abertura da conferência.
A quantificação e monotorização de todos os dados relacionados com o enoturismo é a quarta e última vertente para a criação do novo Conselho Estratégico Nacional do Enoturismo.
“Esta é uma área na qual estamos a trabalhar e esperamos ter resultados já no próximo ano. O objetivo passa por monitorizar que tipo de pessoas procura o enoturismo, respondendo ao como, onde e quanto é que gastam. Só com este maior e melhor conhecimento poderemos também melhorar a fazer crescer a nossa oferta”, concluiu.
A secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, também presente no evento, afirmou ainda aos jornalistas que a formação tem sido fundamental. “Fizemos um investimento massivo a nível das infraestruturas, a nível das caves de visitação, dos alojamentos de enoturismo com esta perspetiva de degustação do vinho e da gastronomia, mas temos aqui uma grande preocupação que é termos as pessoas formadas em várias línguas, com conhecimento interessante sobre o vinho, sobre a gastronomia, como é que casa com outras experiências turísticas. Temos que vender o vinho como um dos motivos de visita, mas existem outros que podem fazer parelha com o vinho”, disse a governante.
“O objectivo é que todas as iniciativas de enoturismo que são desenvolvidas quer do lado do Turismo de Portugal, quer do lado das comissões vitivinícolas e das várias regiões, possam ter aqui um diálogo permanente de modo a estarmos todos a trabalhar para uma trama comum”, explicou. “As entidades regionais têm soberania, e bem, mas tem que estar sempre casada com este diálogo nacional de modo a termos a promoção internacional que desejamos, porque a marca primeiro é Portugal e depois aparecem o Alentejo, os vinhos de Setúbal, de Lisboa, do Douro, Minho, Trás-os-Montes. Basicamente trata-se de estruturar a governancia deste plano de ação para o enoturismo”, afirmou ainda.
Rita Marques deixou presente que “10% daqueles que nos visitaram 2019 [num universo global de 27 milhões de turistas] vieram pelo enoturismo e pelo vinho”, mas acredita que “conseguimos mais”.
O Conselho Estratégico Nacional do Enoturismo, coordenado pelo Turismo de Portugal, assume-se como um grupo de reflexão, debate e concertação sobre o enoturismo nacional, competindo-lhe também a formulação de recomendações com base nas prioridades estratégicas definidas e articula-se com os sete comités regionais de acompanhamento e com o Think Thank Empresarial.
O Conselho Estratégico Nacional do Enoturismo, cordenado pelo Turismo de Portugal, é formado pelas agências e entidades regionais de turismo a nível nacional, assim pela ViniPortugal, Instituto do Vinho e da Vinha, Associação de Municípios Portugueses do Vinho e Associação das Rotas dos Vinhos de Portugal.
*A VIAJAR MAGAZINE encontra-se na 5ª Conferência Global da OMT sobre Enoturismo, em Reguengos de Monsaraz, a convite do Turismo de Portugal