Luiz Mor: “Temos muito mais esperança no futuro”

Chegou a Portugal há mais de 15 anos para privatizar a Transportadora Aérea Portuguesa, juntamente com o presidente da companhia, Fernando Pinto. Apesar de ter anunciado a sua saída da TAP para o final deste ano, a verdade é que agora afirma que já não irá sair. Luiz da Gama Mor esteve à conversa com a Viajar e desvendou um pouco da nova estratégia comercial da TAP e os novos desafios da empresa, agora privatizada.

Com a privatização quase a fazer um ano, qual o balanço que faz destes primeiros meses?
Temos que analisar este processo da privatização sob dois aspetos: o dos acionistas e o operacional. Temos que ver que a concecionária nunca foi colocada em cheque, durante todo este processo, por nenhum dos lados. O projeto foi aprovado ainda no processo de privatização. Os investimentos foram efetuados e não houve nenhuma solução de descontinuidade. Como sou um executivo, o meu ambiente é muito mais o operacional e é sobre este que posso falar. Vínhamos de um ambiente de incerteza, com todos estes anos de processo de privatização, e neste primeiro ano da pós-privatização temos muito mais esperança no futuro, com a certeza de que as coisas se vão desenvolver da melhor forma.

Quais foram as maiores dificuldades que a TAP enfrentou durante o processo de privatização?
Foram muitas, como deve calcular. Durante o processo de chegada à privatização ficámos algum tempo sem poder reinvestir e depois estávamos a entrar numa crise financeira por dificuldade de renovarmos o nosso crédito no mercado. Com isto ficou um conjunto de questões premente que tivemos que enfrentar devido à mudança constante do mercado. Estávamos a deparar-nos com uma classe executiva já desfasada, uma concorrência crescente de transportadoras low cost, que vieram criar uma transformação do modelo de negócio das empresas de aviação tradicionais, que passaram parte do seu negócio intraeuropeu para empresas que foram criando, também low cost. Com este movimento a natureza do produto mudou, porque agora não tínhamos apenas as low cost a competir connosco como também as companhias tradicionais tinham-se mexido para fazer face a essa forte concorrência, criando elas próprias filiais low cost. Tínhamos ainda um desafio de modernização dos aviões e era altura de começarmos a programar a encomenda de novos aparelhos para o futuro, sobretudo no que toca a toda a frota da Portugália.

Mercados mais longínquos para a PGA

E já chegaram todas as novas 17 aeronaves da Portugália? O que vos permite esta nova frota que a anterior não permitia?
A grande parte da frota já está connosco e o último Embraer deverá chegar até outubro próximo, totalizando as 17 aeronaves programadas para a Portugália, que agora voa sob a marca TAP Express.
Com estas duas novas frotas da Portugália, compostas por Embraer 190 e ATR72, está a permitir-nos construir um projeto diferente daquele que tínhamos inicialmente com a antiga frota do grupo Portugália, principalmente porque as emissões e os custos dos aviões são totalmente diferentes. Por exemplo, para uma curta distância um avião ATR é o mais económico que existe, o que nos permitiu criar a ponte aérea entre Lisboa e o Porto. Já o Embraer 190 tem uma maior autonomia que os antigos Fokker 100, permitindo-nos viajar para cidades secundárias de maior distância, como é o caso de Varsóvia, na Polónia, e termos uma maior força competitiva. O Embraer 190 é ainda uma alternativa para abrirmos novos mercados e quando esses crescerem o suficiente passarmos a operação então para um A320 ou ainda para cobrir horários de baixa procura para os nossos já tradicionais destinos dentro da Europa.

E em que ponto se encontra o processo de renovação da frota da TAP?
A segunda mudança de aeronaves começa agora a partir do final de setembro, em que iremos alterar as cabines da frota A320, de médio curso. Para além de mudarmos o interior das aeronaves iremos ainda alterar o modelo de negócio que temos para com as mesmas.
No que toca à alteração do interior dos aviões, da porta de emergência para trás, iremos colocar poltronas slim fit, muito finas mas de levado conforto, que permitem a existência de um maior número de cadeiras com mais espaço útil entre filas. Estas poltronas serão fixas, não reclináveis, tendo já um grau de reclino confortável. Esta maior densidade de assentos irá permitir-nos competir mais ativamente com as low cost que voam para os mesmos destinos que a TAP. Já da saída de emergência para a frente, ainda na classe económica, a poltrona que iremos utilizar será semelhante à já existente, mas mais moderna. Neste caso as cadeiras também serão um pouco mais finas, mas reclináveis e com maior espaço para as pernas. A nível de produto, dependendo a quantidade de reservas, iremos fazer uma executiva através de uma cortina móvel. Neste caso a poltrona do meio não será ocupada, passando a haver uma mesa sobre esta para maior conforto dos dois passageiros que viajarem no assento junto à janela ou junto ao corredor. O serviço tanto de bordo como de terra será diferenciado. No final de setembro os A320 irão entrar em hangar, mais ou menos um por semana, para este processo de modificação.
No início de janeiro de 2017 iremos começar as modificações interiores dos A330, com um aparelho por mês a entrar no nosso hangar. Estes irão ter uma poltrona full flat na classe executiva, o que de melhor existe atualmente no mercado. Por outro lado, o sistema de entretenimento destes aviões também será modernizado, com a mais recente tecnologia de ponta.
No ano seguinte, em 2018, embora ainda não estejam concluídas as mudanças dos A330, já iremos começar a receber os novíssimos A330-Neo.

TAP Discount em modelo low cost

Tendo em conta todas estas alterações, o que muda na política comercial da TAP?
Esta alteração da política comercial decorre sobretudo pela criação de um produto novo, que surge através do aumento do espaço físico dentro dos aviões. Surge assim o TAP Discount que terá um comportamento low cost, em que o preço inicial será apenas para a viagem, sendo todos os atributos adicionais pagos à parte, como já é habitual nas tradicionais empresas de aviação low cost. Embora ainda não tenhamos uma data definida, o mais provável é que este produto seja lançado ainda antes do final do ano.
Desta forma, a grande alteração comercial será a criação desta dinâmica de serviços auxiliares e a introdução do programa TAP Discount nos voos intraeuropeus.

Leia a entrevista completa na edição de setembro (nº 353) da VIAJAR – Disponível online (aqui)

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