Santarém quer dinamizar turismo religioso (slideshow)

Mostrar a importância do estabelecimento de um percurso para quem visita o centro histórico de Santarém, principalmente para os peregrinos do Santuário do Santíssimo Milagre, foi o mote para um passeio que reuniu Comunicação Social e alguns nomes sonantes da sociedade portuguesa, no passado dia 24 de junho. Para o arquiteto Carlos Guedes Amorim, organizador desta iniciativa, “falta rentabilizar, aos diferentes níveis, o que existe e que já foi restaurado”.

Um percurso que já pode ser feito por qualquer pessoa, mas que por desconhecimento, os visitantes acabam por se cingir ao Santuário do Santíssimo Milagre, sem usufruir de toda a oferta arquitetónica e religiosa do centro histórico.

Entrar pela zona nobre, visitar o Museu Diocesano de Santarém, inserido na Sé Catedral, provar os doces regionais como os conhecidos pampilhos, as clarinhas ou os arrepiados, passear pelas ruas mais importantes e sem trânsito, incentivando o ressurgimento do comércio para chegar ao Santuário do Santíssimo Milagre, dar de caras com um grupo folclórico que anima as ruas da cidade, ouvir o som do órgão da Igreja da Misericórdia, visitar o túmulo de Pedro Alves Cabral, na Igreja da Graça, almoçar no restaurante Tejá no jardim das Portas do Sol e terminar com uma visita à pequena Igreja de Nossa Senhora da Piedade foi o percurso que fizemos nesta visita, que pode e deve ser replicada por qualquer turista.

Segundo o Vereador do Turismo da Câmara Municipal de Santarém, Luís Farinha, a autarquia tem já um serviço de guia que permite organizar percursos com grupos, e que serão estruturados consoante o tempo que disponibilizem. Apesar de não ter números concretos sobre os turistas que chegam a Santarém, explica que ao Santuário do Santíssimo Milagre chegaram o ano passado 17 mil turistas. Um número que tem vindo a crescer e que traz turistas de todos os cantos do mundo, mas de passagem.

Luís Farinha refere, no entanto, que a ideia da Câmara é criar condições para que possam pernoitar e usufruir da vasta oferta que Santarém tem para oferecer.

“Neste momento a nossa oferta hoteleira é apenas de 500 camas e embora o alojamento local tenha vindo a crescer nos últimos anos, passando de 5 para 35 unidades, é importante que os grupos hoteleiros comecem a investir nesta região do país”, diz Luís Farinha, sublinhando que a Câmara “tem abertura total para analisar os projetos”.

“Sentimos que também aqui o Turismo pode cumprir um papel importante no processo de reabilitação do centro histórico”, diz o vereador, relembrando que eventos como a Feira de Agricultura ou o Festival de Gastronomia (o mais antigo do país, com 37 anos), trazem muitos turistas à região, mas que a ideia é que possam vir durante todo o ano e não só nas datas dos eventos.

Neste momento e até 23 de setembro decorre no centro histórico, o programa In Santarém, que todos os dias apresenta um ou mais espetáculos variados, desde folclore, passando por rock até ao Fado de Coimbra. Os eventos são gratuitos e uma forma de trazer “vida às ruas da cidade”.

Em termos de oferta de restauração, Luís Farinha, refere que esta é uma zona com muitos bons produtos agrícolas, logo pode e deve ser cartão de visita para jovens empreendedores apostarem na abertura de novos espaços. Para já recomenda três espaços, que os turistas não devem perder: Ó Balcão, do Chef Rodrigo Castelo; O Dois Petiscos, do Chef João Correia; O Pigalle, do Chef André Rodrigues Santos.

Roteiro de uma visita

A nossa visita começou com uma história “deliciosa” contada pelo Padre Ganhão que nos acompanhou neste percurso. Na fachada da Sé, antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Colégio dos Jesuítas, datada do século XVII, estão quatros santos jesuítas, três de braços abertos e um com as mãos por cima do estômago, a quem se atribui uma lenda.

Reza a história que Nossa Senhora terá feito um arroz doce, em dia de festa, para a mesa dos jesuítas e que o mesmo desapareceu. Indagando os santos sobre o destino do doce, São Francisco Xavier, de braços abertos, terá dito que não sabia. Santo Inácio respondeu de igual forma. Entretanto São Luís Gonzaga mais inocente responde, apontando para o santo que está em baixo na mesma fachada “acho que foi ele”. E São Francisco de Gonzanga (o único que tem as mãos sobre a barriga), responde: “Soube-me muito bem”.

Já dentro da Sé e depois de uma breve explicação por parte da guia, somos encaminhados para o Museu Diocesano de Santarém, que acolhe cerca de 300 peças provenientes de várias igrejas espalhadas por Portugal e que está integrado na Rota das Catedrais, galardoado com o prémio “Europa Nostra 2016”. Verdadeiras relíquias que podem e devem ser visitadas neste espaço de 2.ª a 6.ª, entre as 10h e as 18h, sábados das 10h às 19h e domingos das 14h às 19h. Visite ainda o corredor nobre e a torre da igreja para deslumbrar da vista sobre a cidade.

Partimos em direção ao Santuário do Santíssimo Milagre, por sinal cheio de peregrinos e saímos rumo à Igreja da Misericórdia onde tivemos tempo para assistirmos a um pequeno concerto de órgão por uma aluna do Conservatório de Música de Santarém. Bravíssimo!

Mesmo antes do almoço, nas Portas do Sol, prestámos uma pequena homenagem ao navegador Pedro Alves Cabral, na Igreja da Graça, onde se encontra sepultado parte do seu corpo (a outra está no Brasil), com o depósito de uma coroa de flores pelo embaixador António Monteiro.

Depois do almoço tempo ainda para uma rápida visita à pequena igreja de Nossa senhora da Piedade para ver a Torre de Belém no quadro do altar Mor, recentemente restaurado.

 

por Sandra Martins Pereira

 

 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui