O Castelo de São Jorge, em Lisboa, e o Castelo de Palmela vão ficar, uma vez mais, unidos pelo projeto Almenara, embora desta vez 633 anos após o episódio histórico que ligou os dois locais, com um programa integrado de experiências turístico-culturais, que começa a 17 de setembro.
O projeto, que surge de uma parceira entre ambos os municípios, através da EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, e com o apoio da Entidade Regional de Turismo de Região de Lisboa, tem por objetivo diversificar a oferta turística da Região de Lisboa, além de promover e valorizar os dois monumentos nacionais, que recebem a visita de centenas de pessoas diariamente.
O projeto Almenara pretende estabelecer a comunicação entre as duas margens do rio Tejo, com base na informação histórica, identidade, património e cultura das diferentes regiões, exaltando a memória coletiva e reforçando a oferta turística da Região de Lisboa.
Enquadrado no PORTUGAL 2020, o projeto Almenara, com um período base de dois anos e um investimento de cerca de 460 mil euros, prevê ainda a realização de um conjunto de atividades em torno dos dois monumentos nacionais que visa a criação de novos produtos turísticos, aumentando o fluxo de visitantes entre os dois locais.
Vítor Costa, presidente da Entidade Regional de Turismo de Lisboa, presente, esta quinta-feira, na apresentação do projeto, que decorreu no Castelo de são Jorge, frisou que apesar de “estarmos num bom momento turístico, se olharemos para os números com maior profundidade, os locais que estão hoje a ter maior procura turística eram os que tinham menos até há poucos anos atrás”, daí afirmar a “importância deste tipo de iniciativas”.
Já Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, defendeu na ocasião como é importante “saber aumentar o número de turistas, garantindo a autenticidade da cidade”, para além de “construir ofertas complementares para quem vista a região, não tendo obrigatoriamente que estar tudo dentro da cidade”. Em conclusão, o autarca deixou presente que “a nossa cultura é hoje um ponto que constitui um dos principais motivos de riqueza e orgulho que devemos transmitir a quem nos procura”.
Ritual Almenara
Uma visita encenada, com a duração de um dia, que estabelece uma ligação histórica entre os dois castelos, um jogo de tabuleiro em tamanho real, uma instalação de figuras lúdicas para fotografias, uma sinalética associada ao projeto e workshops e fam trips com operadores turísticos são algumas das iniciativas a realizar nos dois monumentos nacionais.
O “Ritual Almenara” é o evento âncora desta iniciativa que recria o episódio histórico em que, durante o cerco de Lisboa pelos castelhanos, o Condestável D. Nuno Álvares Pereira – após a vitória na batalha dos Atoleiros (1384) – acendeu uma Almenara (fogueira de grandes dimensões) no Castelo de Palmela para alertar o Mestre de Avis, em Lisboa, de que a ajuda estava próxima. A iniciativa terá lugar a 17 de setembro, pelas 21h00, com a recriação do “Ritual Almenara”, em simultâneo nos Castelos de São Jorge e de Palmela, com recurso a dois espetáculos independentes que se interligam na sua lógica conceptual, técnica e artística, com projeções comuns visíveis nos dois municípios, através do recurso à tecnologia. A direção artística do polo de Palmela está a cargo de João Brites, do Teatro O Bando, e a de Lisboa é dirigida por Jorge Ribeiro, da Companhia da Esquina.
O pastoreio e as ovelhas são os elementos centrais do espetáculo “Ritual Almenara Palmela”, que inclui balões brancos e ovelhas ficcionadas. Além de encenações teatrais e musicais, a cargo do maestro Jorge Salgueiro, serão lançadas “ovelhas voadoras”, representando as antigas “Almenaras” (fogueiras). Já o “Ritual Almenara Lisboa” celebra a lusitanidade e os padrões das subculturas de Lisboa através de um espetáculo com performances teatrais e musicais, a cargo de uma orquestra de cerca de 12 elementos.