Francisco de Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), reforça que Portugal está a viver mais um ano turístico positivo, sustentado por dados que já se anteviam nos primeiros meses e que o verão veio confirmar. Mas, o tom é de cautela otimista: “vamos viver mais um ano turístico positivo em Portugal” e “estamos a entrar numa fase de crescimento sustentável. Não há estagnação, claro que não! mas há sim uma maior estabilidade.”
*Por Sílvia Guimarães
No seu discurso de abertura do 50º Congresso da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, o representante citou o INE para sustentar a leitura de que o alojamento turístico registou 10,5 milhões de hóspedes e 28,6 milhões de dormidas entre junho e agosto, com aumentos de 2,2% e 2% face ao verão anterior, lembrando que “são aumentos? Sim são, mas não crescimentos ao nível dos que assistimos nos últimos anos.”
Em relação ao valor gerado, aponta que os proveitos totais no mesmo período ascenderam a 2,7 mil milhões de euros, um crescimento de 7,4% em relação à época alta do verão passado, e realça ainda que as dormidas de residentes cresceram 5,5%, ultrapassando os 9 milhões.
A leitura que extrai é de que os turistas portugueses estão a ganhar peso na atividade turística e que, embora as dormidas apresentem um incremento mais moderado face a anos anteriores, os visitantes geram mais valor económico, contribuindo para um turismo de maior qualidade.
Aeroporto no montijo como “opção intermédia rápida”
No entanto, no seu discurso chama, uma vez mais, a atenção para a necessidade de decisões estratégicas rápidas. Sem um novo aeroporto, o crescimento do turismo poderá estagnar. “Sem um novo aeroporto muito dificilmente teremos crescimentos no Turismo”, frisou, acrescentando que há decisões que “devem ser tomadas e há que colocar em prática, com rapidez, medidas essenciais para que o turismo em Portugal continue a ser uma atividade dinâmica, com grande capacidade de gerar valor em praticamente todas as regiões do País.” Sobre alternativas ao aeroporto em Alcochete, o tom é claro: “Ainda vamos muito a tempo! Já todos sabem a minha opinião: o Montijo é uma opção intermédia rápida, eficaz e mais barata.” O apelo é para evitar anos de espera que possam traduzir-se em filas e tempos de espera que comprometam a experiência do visitante.
Segurança
A segurança surge como uma peça central da competitividade do turismo. O orador afirma que o turismo “deixa pegada” e que há necessidade de reforçar a segurança das cidades e dos pontos de interesse turístico. Reafirma que Portugal é visto como um dos países mais seguros e que é essencial manter essa imagem, destacando que tal reputação traz grandes vantagens. Num panorama internacional marcado pela instabilidade, a mensagem é de que Portugal deve continuar a ser um “oásis” de segurança, mas para isso é preciso reforçar os fatores dissuasores de insegurança.
Prioridades estratégicas nacionais para o turismo
O conjunto de prioridades estratégicas nacionais para o turismo é apresentado em tom de ordem de importância. Entre elas estão o novo aeroporto, a privatização da TAP, a Reforma do Estado, a descida da carga fiscal, a resposta às necessidades de mão de obra, a concretização efetiva do PRR, a legislação laboral, a segurança e a sustentabilidade económico-financeira das empresas. Sobre a legislação laboral, o discurso defende uma reforma que seja equilibrada, protegendo os trabalhadores e garantindo a flexibilidade necessária às empresas, levando em conta a sazonalidade da atividade turística. “A revisão da legislação laboral em discussão no âmbito do denominado Trabalho XXI reveste-se de uma importância decisiva para o futuro do emprego e da competitividade em Portugal”, enfatizou.
SIMPLEX para o turismo
A formação de mão de obra recebe especial atenção. O autor ressalta a necessidade de criar em Portugal as condições para ter a mão de obra suficiente que também garanta a qualidade dos serviços. São mencionadas iniciativas em curso, como o programa Integrar para o Turismo, desenvolvido pela CTP, pela AIMA e pelo Turismo de Portugal, com a intenção de expandir o projeto. Em conjunto com estas medidas, o discurso reclama uma reforma administrativa que torne o Estado mais ágil, defendendo a implementação de um SIMPLEX para o Turismo. Acrescenta ainda que Portugal continua a deter uma elevada carga fiscal sobre empresas e trabalhadores, destacando a importância de um regime fiscal estável e competitivo para sustentar o investimento, os salários e a internacionalização das empresas do setor.
TAP deve ser privatizada a 100%
O papel da TAP também é enfatizado, com defesa de uma privatização a 100% e a integração da TAP num consórcio que traga valor ao país, garantindo o hub de Lisboa e ligações estratégicas às ilhas e aos países da CPLP. Em termos de mobilidade, o discurso aponta a necessidade de uma estratégia ferroviária que inclua a modernização da ferrovia e o TGV, de forma a aumentar a capacidade de voos e libertar slots na Portela, com o objetivo de estabelecer um eixo de conectividade mais eficiente entre Lisboa e outras regiões.
Francisco Calheiros o volta a olhar para o mercado internacional, realçando a importância do mercado asiático e dos Estados Unidos. Destaca o crescimento de turistas provenientes da China e da Coreia do Sul e refere o voo direto Seul-Lisboa como um exemplo de sucesso, sublinhando que o mercado asiático deverá continuar a crescer e a criar valor para Portugal, tal como os EUA, que já são um dos mercados que mais evoluem no turismo nacional.
Para o presidente da CTP, o turismo continua a ser uma prioridade estratégica nacional, com uma agenda de medidas para manter Portugal competitivo, sustentável e seguro como destino, ao mesmo tempo em que insiste na necessidade de decisões rápidas em áreas cruciais. Caso haja interesse, posso adaptar o texto para envio a associados ou imprensa, criar perguntas para entrevistas com dirigentes do turismo ou preparar uma linha de análise sobre impactos específicos de cada prioridade no curto e médio prazo.
*A jornalita em Macau a convite da APAVT




