Museu de Lanifícios: um museu expandido no território

úcleos museológicos do Museu de Lanifícios © Danilo Pavone, 2005

A cidade da Covilhã, localizada na encosta sul da Serra da Estrela, é o berço de uma tradição que se desenrola através dos fios do tempo: a indústria de lanifícios portuguesa. Nesse contexto, o Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior ergue-se como um guardião zeloso desta herança, convidando os visitantes a uma jornada imersiva que entrelaça o passado, o presente e o futuro da região.

Desde a sua fundação em 1989, o Museu de Lanifícios transcende portas, espalhando-se por toda a cidade em três núcleos museológicos distintos. O primeiro, o núcleo da Real Fábrica de Panos, localizado em plena área urbana e no centro do campus universitário, preserva as tinturarias da Real Fábrica de Panos, estabelecida em 1764 pelo Marquês de Pombal. Este espaço é uma eloquente testemunha da importância da tradição têxtil covilhanense na economia nacional. Recriando os processos de produção e tingimento de tecidos de lã do século XVIII, num espaço classificado como Imóvel de Interesse Público, este núcleo é uma referência em arqueologia industrial.

O núcleo da Real Fábrica Veiga aborda a industrialização dos lanifícios em Portugal, iniciada em meados do século XIX, e apresenta uma significativa coleção de máquinas e equipamentos. Neste espaço encontra-se também o Centro de Documentação/Arquivo Histórico, cujo acervo documental inclui diversos fundos públicos e privados.

Tinturaria das Dornas da Real Fábrica de Panos © João Pedro Silva®, 2016

Por fim, no núcleo ao ar livre das Râmolas do Sol apresenta-se a musealização in situ de um conjunto de râmolas de sol e de um estendedouro de lãs, datados da década de 1930. Este espaço expande o Museu ao património industrial da Covilhã, integrando-o harmoniosamente numa paisagem cultural única.

EXPLORAR A ROTA DA LÃ

Para além da experiência de imersão oferecida pelos seus três núcleos, o Museu de Lanifícios convida a explorar a intrincada relação entre a cultura têxtil, a paisagem e as comunidades. Como âncora desta exploração, o museu propõe a Rota da Lã, que percorre o património natural e industrial dos lanifícios na Península Ibérica. Conectando a majestosa Serra da Estrela à histórica Extremadura espanhola, a Rota da Lã desvenda as marcas indeléveis da indústria da lã na paisagem e na cultura. Na região da Beira Interior, esta rota apresenta itinerários pelos caminhos da transumância e pelos centros laneiros, com percursos que atravessam a “Covilhã, cidade-fábrica”, cuja configuração urbana revela vestígios deste setor desde o século XII. A Rota da Lã apresenta ainda o itinerário peninsular Translana® que revisita o trajeto que os negociantes de lã percorriam entre o séc. XVII e inícios do séc. XX.

Nave de Santo António na Serra da Estrela © Danilo Pavone, 2005

Ao visitar o Museu de Lanifícios e percorrer a Rota da Lã, os visitantes não apenas descobrem a fascinante história da indústria têxtil, mas também celebram a cultura da lã, fibra potenciadora de desenvolvimento sustentável e de equilíbrio ecológico, e um património cultural identitário da Serra da Estrela.

ROTA DA LÃ EDUCA, UM OLHAR PARA O FUTURO

Após os incêndios florestais de 2022, o projeto Rota da Lã EDUCA – promovido com o apoio do Turismo de Portugal – surge como uma iniciativa crucial para o desenvolvimento sustentável e a valorização turística do património laneiro nos concelhos do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE). Reconhecendo a lã como um património multifacetado, o projeto propõe uma abordagem ao turismo industrial e à educação ambiental e baseia-se em três pilares principais para transformar a experiência dos visitantes e habitantes: a promoção do turismo sustentável, o melhor conhecimento da cultura da lã e o desenvolvimento económico e social dos concelhos do PNSE.

Entre as muitas atividades desenvolvidas, o Rota da Lã Educa oferece itinerários criativos pelo património industrial, atividades educativas e oficinas têxteis que contemplam todo o ciclo da lã, parcerias com a indústria viva e com outras instituições culturais, promovendo uma articulação do ecossistema cultural da região. Para 2024, encontra-se também prevista uma intervenção paisagística na área envolvente à Real Fábrica Veiga, junto à ribeira da Goldra, bem como a instalação de uma roda hidráulica. Visa-se a melhoria do espaço público ribeirinho e a recriação de um engenho de valor histórico, que aborda a importância da água e da sustentabilidade da indústria de lanifícios. Assim, ao conectar a história da lã com a paisagem e as comunidades locais, esta iniciativa visa criar experiências enriquecedoras e contribuir para a resiliência do território.

Oficina Têxtil do Museu de Lanifícios

Através da Rota da Lã, o Museu de Lanifícios torna-se um espaço vivo de memória, educação e desenvolvimento cultural que, através da valorização do património da lã, contribui para a construção de um futuro sustentável para a região.

Saiba mais em www.museu.ubi.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

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