A situação da Ucrânia e o possível reacendimento da tensão entre a China e Taiwan, assim como uma inflação quase certa e a escassez de produto, deixa o presidente do Grupo Vila Galé apreensivo quanto ao futuro, tanto a nível internacional como nacional. Jorge Rebelo de Almeida falou à imprensa esta quarta-feira num encontro no renovado Vila Galé Estoril.
por Sílvia Guimarães
Para Jorge Rebelo de Almeida “a maioria absoluta foi importante, porque não temos jeito para fazer coisas em conjunto, somos muito individualistas. Só espero que o Governo procure consensos mais alargados para fazer reformas profundas e urgentíssimas. Não vou falar do aeroporto, é algo que nos envergonha a todos, porque é um exemplo de uma ineficácia total, mas pelo meio do caminho temos muitas outras necessidades, como a justiça, que continua a funcionar mal, a reorganização do território e a saúde”.
Embora demonstre ser a favor da maioria absoluta conseguida pelo atual Governo, devido a uma “maior estabilidade”, avisa que o executivo “deve ter em conta que são necessárias condições para darmos o salto”.
A seca extrema, que assola mais de 90% do país, assegura ser “um tema altamente preocupante”, que “não vem de agora”, dado ser “um problema que se vem a agravar e a acentuar nos últimos tempos. Este tema da seca é uma coisa dramática e mata o turismo completamente. Não há cultura para se poupar água. Não há previsão de chuva, isto começa a ser dramático e, se calhar, temos de tomar medidas e levar isto a sério”, advertiu o responsável.
Os conflitos entre a Ucrânia e a Rússia, “com Putin interessado em fazer diabrices”, poderão, segundo o empresário, fazer reacender a vontade da China invadir Taiwan.
Quanto ao novo Aeroporto de Lisboa, Jorge Rebelo de Almeida alerta o Governo e o país que esta “vergonha é já demais, já que andamos nisto há meio século”, e no que respeita à TAP diz que “não nos podemos esquecer que continuamos com uma empresa pública e, embora pense que esteja no caminho certo, precisa de um parceiro internacional para alavancar a operação”, sendo, por isso, que “a situação da empresa ainda não está consolidada”.
Para Jorge Rebelo de Almeida “o turismo é dos setores que está de pedra e cal e tem uma oferta muito consistente, qualidade e profissionalismo” e garante que “o turismo não precisa de nada muito específico, precisa que o país funcione e que seja um país desenvolvido, porque na área do turismo, se formos ver as coisas, temos uma oferta que é superior à generalidade do país”.
Com a subida dos preços das matérias-primas, e consequentemente dos produtos alimentares, o Grupo Vila Galé não descura a possibilidade de ter de atualizar os seus preços, sobretudo, na restauração.
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