Passavam três minutos das 8h30 desta quarta-feira, 26 de julho, quando chegava à porta 142 do aeroporto Humberto Delgado o voo inaugural da Beijing Capital Airlines, que liga Pequim a Lisboa e que a partir de agora passará a ter três frequências semanais entre Portugal e China. Com uma capacidade para 260 passageiros, o voo JD 459, feito num A330-200 tinha à sua chegada uma comitiva de boas-vindas com o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme Oliveira Martins, e a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, o embaixador da China em Portugal, Cai Run, o presidente do Grupo TAP, Miguel Frasquilho, e Thierry Ligonnière, do Conselho de Administração da ANA Aeroportos de Portugal/VINCI Airports.
Os passageiros, que foram surpreendidos com a oferta de um saco com algumas iguarias portuguesas, como azeite, bolachas, chocolates e conservas, tiveram ainda um momento de entretenimento com a dança do Dragão e do Leão do grupo She-Shi Dragon Team e nem faltaram os famosos pastéis de nata.
A nova rota, que se inicia com três frequências semanais (quarta, sexta e domingo), deverá aumentar para quatro já em novembro, esperando-se que transporte cerca de 40.560 pessoas por ano. Este é um voo em code-share com a TAP Portugal, que passa assim a colocar o seu código em voos da Beijing Capital na primeira ligação direta entre Portugal e a China (Lisboa – Pequim – Hangzhou e à cidade chinesa de Chengdu, via Madrid).
O presidente do Grupo TAP, Miguel Frasquilho, mostrou-se satisfeito com “o primeiro voo direto entre a China e Portugal, entre Pequim e Lisboa, operado pela Beijing Capital Airlines, parte integrante do Grupo HNA, um dos nossos novos e muito relevantes acionistas” e acrescentou: “Este voo, e este novo acordo de code-share, vão contribuir não só para o reforço das Relações entre a China e Portugal, mas também entre a China e todos os destinos para onde a TAP voa. Passamos também a oferecer a todos os passageiros que viajem para Lisboa, de Pequim ou Hangzhou, ligações intercontinentais privilegiadas para muitos dos nossos destinos, como Luanda, Maputo, Abidjan, Accra ou Dakar, em África, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília ou Belo Horizonte, no Brasil, e, na América do Norte, Nova Iorque, Miami, Boston ou Toronto. A TAP, que desde Lisboa também voa para mais de 40 destinos europeus, permitirá aos passageiros da Beijing Capital Airlines beneficiar ainda mais do nosso hub, uma ponte privilegiada para a Europa, África e Américas.”
O mesmo responsável relembrou ainda, que a partir de agora, “a Beijing Capital pode colocar o seu código nos voos da TAP. As ligações da TAP entre Lisboa e Casablanca já estão disponíveis e, em breve, os voos entre Lisboa e as cidades do Porto, Faro e Funchal, em Portugal, e Madrid, em Espanha, serão também oferecidos aos clientes da Beijing Capital. Também a curto prazo, os Programas de Passageiro Frequente das duas Companhias – Victoria da TAP e Fortune Wings Club da Beijing Capital – estarão interligados, permitindo aos clientes múltiplas opções para acumulação e redenção de milhas em ambas as redes de destinos.”
Para Thierry Ligonnière, do Conselho de Administração da ANA Aeroportos de Portugal/VINCI Airports, a ligação direta entre Pequim e Lisboa “há muito desejada, é uma das mais importantes apostas estratégicas do aeroporto Humberto Delgado ao nível de desenvolvimento de rotas”, acrescentando que “com esta nova rota regular, Lisboa vê a sua conectividade direta com um conjunto de novas oportunidades”. O mesmo responsável sublinhou ainda que a rota direta Pequim-Lisboa permite um aumento significativo da atividade do hub, fazendo com que “a nossa posição geográfica sirva de conexão de voos entre a China e outros destinos”.
Também o Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, frisou as relações económicas entre Portugal e China, sublinhando o facto de Portugal ser “cada vez mais o grande hub europeu das relações do Oriente certamente com a América do Sul, o Brasil, África – não só com os países de língua oficial portuguesa, mas com o conjunto de países africanos que têm hoje um potencial de desenvolvimento muito grande. A TAP também se reforça desse modo, mas Portugal do ponto de vista económico tem aqui um resultado importantíssimo hoje. Mais do que o momento simbólico de hoje será o resultado que durante muitos anos os portugueses perceberão nas suas vidas e na economia portuguesa desta ligação agora criada”.
Questionado sobre a capacidade do aeroporto Humberto Delgado para receber tantos turistas, Pedro Marques, refere que foi feito “muito trabalho antes da visita do Primeiro Ministro António Costa à China e também muito trabalho depois dessa visita para concretizar esta ligação”.
Recorde-se que o aeroporto que serve a capital portuguesa regista um crescimento de 21% este ano, esperando receber cerca de 26 milhões de turistas, mais 4 milhões que em 2016.
“Com certeza que temos hoje constrangimentos que temos de ultrapassar continuamente e é por isso que tomámos a decisão de avançar rapidamente para a existência de uma localização aeroportuária na região de Lisboa e vamos desenvolvê-la nos próximos anos, mas enquanto isso não acontece, vamos encontrando soluções e ajustando as slots, porque estas ligações estratégicas não se podem perder”, reforça o ministro, acrescentando que é necessário “criar capacidade aeroportuária adicional, nomeadamente para os voos das companhias de baixo custo, para que aqui o aeroporto Humberto Delgado possa ser cada vez mais um hub importante nas ligações ao mundo”.
“Se conseguirmos reforçar como estamos a fazê-lo com parcerias, este verão, com ligações importantes como esta, mas também os voos charters a partir do Japão, por exemplo, cada vez mais Lisboa é um ponto central das ligações aéreas no mundo. Quando o governo Chinês lançou a iniciativa “Uma faixa, uma rota”, Lisboa também faz parte dessa grande ligação mundial, nomeadamente com esta rota aérea, que é verdadeiramente o lançamento da nova Rota da Seda aérea do século XXI”, remata.
Segundo a ANA Aeroportos de Portugal/VINCI Airports, o terminal de Lisboa tem vindo a preparar-se para a especificidade destes passageiros provenientes da China, tendo reforçado a sinalização, construído informação específica operacional e comercial para distribuição a passageiros de origem chinesa nestes voos e até adaptou o seu site para mandarim (https://www.aeroportolisboa.pt/zh-cn/lis/home/). O Aeroporto de Lisboa obteve ainda certificação Welcome Chinese/Red certification, atribuída pela China National Tourism Administration, estando apto a responder às expectativas dos passageiros chineses.