Portugal volta a ter Conta Satélite do Turismo

“Este é um dia marcante para todos. Em primeiro lugar, porque tivemos aqui hoje o início de um trabalho conjunto entre o Banco de Portugal, o INE e o Turismo de Portugal para analisarem as estatísticas de Turismo. E em segundo, porque foi reativada a Conta Satélite do Turismo que tinha sido suspensa desde 2010”, comentou esta quinta-feira, 7 de dezembro, no Salão Nobre do Instituto Nacional de Estatística (INE), em Lisboa, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, reforçando: “Uma grande evolução que nos permite também posicionarmo-nos no Top 20 do ranking da Organização Mundial de Turismo, de onde deixámos de figurar por não termos dados estatísticos sobre o número de turistas, sendo que na altura figurávamos no 35.º lugar”.

No workshop “Estatísticas de Turismo”, onde foram apresentados os resultados do Inquérito ao turismo internacional e a Conta Satélite de Turismo foi ainda assinado o Protocolo de Colaboração para o desenvolvimento das estatísticas do Turismo em Portugal por Teresa Monteiro, vice-presidente do Turismo de Portugal, Ana Paula Serra, administradora do Banco de Portugal e Alda de Caetano Carvalho, presidente do INE.

Conta Satélite estima Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo de 7,1%

Estima-se que em 2016, o Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo tenha atingido 7,1% do VAB da economia nacional, aumentando em cerca de 10% em termos nominais. O consumo do turismo no território económico atingiu 12,5% do Produto Interno Bruto, tendo aumentado 5,8% em 2016 e 5,9% em 2015. Já no que diz respeito às exportações do turismo corresponderam, em média, a 18,4% do total das exportações nacionais em 2014 e 2015.

Analisando ainda os resultados por tipo de visitante, entre 2014 e 2015, cerca de 77% da procura turística teve origem nos turistas e quase 16% nos excursionistas, sendo que a despesa dos turistas incidiu principalmente no alojamento (25,9%), transporte de passageiros (21,8%) e restauração e bebidas (24,2%), que em conjunto representaram quase 72% do total das despesas deste tipo de visitantes.

A Conta Satélite do Turismo conta agora com um novo item e que tem a ver com as comparações internacionais. Nesta matéria “observou-se que Portugal registou um peso relativo do consumo do turismo no território económico na oferta interna de 5,4% em 2015, inferior a Espanha (6%) e Malta (5,8%)”, refere o relatório.

Entradas de turistas não residentes em Portugal totalizaram 18,2 milhões em 2016

Segundo os resultados do Inquérito ao Turismo Internacional executado pelo INE nas principais fronteiras aéreas, rodoviárias e marítimas, estima-se que as entradas de turistas não residentes em Portugal totalizaram 18,2 milhões em 2016. A este número de acordo com os mesmos dados acrescem ainda 10,1 milhões de entradas de excursionistas (visitantes sem dormida), atingindo assim um total de 28,3 milhões de entradas de visitantes. Números que Cristina Neves, diretora do Departamento de Estatísticas Económicas, e que apresentou os resultados reforçou como sendo “de movimentos de entradas de turistas, ou seja, um turista pode visitar Portugal várias vezes no mesmo ano”.

Espanha, Reino Unido, França e Alemanha foram os mercados emissores que mais turistas enviaram a Portugal, registando 4,7 milhões, 3,1 milhões, 2,7 milhões e 1,6 milhões, respetivamente.

Espanha é igualmente responsável por 74% das chegadas de excursionistas a Portugal, seguindo-se o Reino Unido com 9% e França com 5,2%.

De destacar ainda, que 70,3% das entradas de turistas não residentes foi motivada por lazer, recreio ou férias, enquanto 19,9% teve por objetivo a visita a familiares e amigos. Por motivos profissionais registaram-se 7,7% das entradas.

Alojamento privado gratuito e residências secundárias como principal opção

As entradas de turistas não residentes em 2016 resultaram num total de 144,4 milhões de dormidas em Portugal, destacando-se uma elevada expressão do alojamento privado gratuito e das residências secundárias, com 49,9% das dormidas, sendo ainda de referir o peso de 36% do conjunto dos meios de alojamento turístico.

Já no que toca ao gasto médio diário per capita dos turistas entradas, o mesmo situou-se nos 97,5€, sendo que os turistas provenientes do Brasil e EUA evidenciaram um gasto médio per capita de 166,3€ e 146,1€, em contraste com os valores registados nos principais mercados europeus: Irlanda (115€); Países Nórdicos (111,9€); Itália (108,5€) e Reino Unido (107,2€).

Questionada sobre as estratégias a implementar para atrair cada vez mais turistas provenientes dos EUA, Brasil e Ásia, Ana Mendes Godinho reforçou: “Temos feito uma grande aposta nos EUA, Canadá, Brasil e na Ásia (China e Coreia do Sul), quer através da captação de novas rotas aéreas. Começámos com o primeiro voo direto para a China em junho, já com bons resultados, estamos neste momento com crescimentos de 40% do mercado chinês para Portugal, mas também estamos com um crescimento de 60% de mercado brasileiro para Portugal, e de 45% do mercado americano.”

Indicadores de Sustentabilidade do Turismo

Durante a apresentação Sérgio Guerreiro, diretor coordenador da Direção de Gestão do Conhecimento do Turismo de Portugal aproveitou ainda para falar do Turismo Sustentável e das ferramentas para medir a sustentabilidade e que faz parte da Estratégia 2027. Segundo o mesmo responsável, a partir de janeiro de 2018 todas as informações estarão disponíveis no TravelBI.turismodeportugal.pt para serem consultadas.

“Esta é uma forma muito importante para que todos passemos a aceder facilmente à informação, porque quanto mais tivermos informação, mais podemos planear, monitorizar e agir”, concluiu ainda a secretária de Estado do Turismo.

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