Futuro do Turismo passa por novo aeroporto, formação qualitativa e competitividade

Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal desde 2016, defende que o crescimento do Turismo em Portugal está diretamente relacionado com “a conetividade aérea, a resolução do novo aeroporto de Lisboa, a capacitação das empresas e dos profissionais, e com a capacidade de sermos cada vez melhores vendedores do país”.

Este levantamento foi feito no âmbito do primeiro painel do 30º Congresso da Associação da Hotelaria de Portugal, intitulado “O Futuro do Turismo em Portugal”, que contou com a participação daqueles que foram os quatro presidentes de Turismo de Portugal até hoje, organismo criado há cerca de uma década pelo governo socialista de José Sócrates.

Para Luís Araújo, apesar de muitos pensarem que o bom momento do Turismo em Portugal se dever em parte à insegurança em outros países, defende que estes recordes têm sido uma verdadeira “maratona” e fundamenta afirmando que os turistas procuram Portugal no seu todo e ao longo de todo o ano.

O atual presidente do Turismo de Portugal considera que o mais importante é “aumentar ou reduzir a competitividade do país enquanto destino turístico”, sobretudo agora que a sazonalidade está ao nível mais baixo de sempre, mas também é preciso ter em conta entraves como o Brexit e a falta do novo aeroporto da região de Lisboa.

“O que precisamos é de bom alojamento local, assim como de bons hotéis. O importante é trazer e conquistar esse segmento de alojamento para a legalidade”, referiu, enaltecendo que “Portugal hoje acrescenta valor a quem nos visita, a quem investe, a quem vem estudar, a quem compra uma segunda casa. Temos de manter essa perspetiva de valor.”

O bom momento que o Turismo vive a nível nacional foi elogiado pelos quatro oradores. Para Luís Patrão, aquele que foi o primeiro presidente do Turismo de Portugal, entre 2008 e 2011, e atual administrador da ANA – Aeroportos, “nos últimos 10 anos, o Turismo cumpriu com todas as promessas que fez à sociedade portuguesa”, sendo por isso que “temos um Turismo mais competente e empresas mais capacitadas. O Turismo talvez seja o mais visível unicórnio da atividade portuguesa”.

Crescimento comprometido

Já para Frederico Costa, presidente do Turismo de Portugal entre 2011 e 2013, o maior legado do Turismo de Portugal foi “saber meter debaixo do mesmo teto a capacidade de fazer promoção turística e de acompanhar tudo o que deve ser feito no setor”. Mas alerta: a partir de agora “vamos ter mais dificuldades em crescer”, sendo por isso fundamental “saber para onde vamos crescer porque o espaço é limitado”.

Para o administrador das Pousadas de Portugal o segredo está em “pensar fora da caixa”, sobretudo agora porque “estamos a desacelerar. Não vislumbro anos negativos, mas vamos ter problemas e vamos ter maiores dificuldades em crescer como crescemos nos últimos anos. Estarão as empresas preparadas para isto?”, interroga.

Novo aeroporto em Lisboa é urgente

Opinião unanime entre os quatro oradores passa pela urgência de um novo aeroporto na região de Lisboa. Luís Araújo defende que, apesar dos resultados positivos, o risco do setor é enorme. “A atividade turística é uma maratona e é um projeto a longo prazo. Tem ciclos e vai ter momentos não tão positivos”, por isso afirma que “precisamos claramente de uma solução e temos de a ter o mais rápido possível”.

Luís Patrão, por seu turno, diz que “o aeroporto ainda tem capacidade para crescer mais alguma coisa” enquanto o caso Montijo ainda não estiver concluído.

O administrador da ANA – Aeroportos defende que o Montijo é “a melhor solução, não é apenas a menos má” e reafirma a importância de ser marcados “prazos para que as coisas sejam resolvidas”.

João Cotrim de Figueiredo teceu duras críticas ao atual aeroporto de Lisboa, dando como exemplo os problemas com a bagagem e com a aterragem, dando “uma péssima imagem e podem destruir o trabalho de anos aos olhos dos turistas.

Também Frederico Costa define como “uma vergonha para Portugal” o caso que se vive todos nos dias no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, e deixa o alerta: “os destinos fazem-se muito pela opinião das pessoas”.

O futuro

“Mais do que sabermos que tipo de oferta devemos ter é preciso saber como vendemos essa oferta. Não basta ter um site e estar na Booking. É preciso criar conteúdos certos, estar nos canais certos, saber a segmentação que têm, ter uma estratégia clara do que querem vender e a quem. Há muito País e temos de fazer crescer o interior e as zonas menos turísticas, porque é esta diversidade que nos vais permitir crescer”, referiu Luís Araújo respondendo à incerteza do setor e, consequentemente, da hotelaria.

Para fazer farte a essa interrogação no futuro, o presidente do Turismo de Portugal assegura que os hoteleiros e restantes profissionais do setor têm que apostar mais e melhor na formação. “Cabe-nos a nós investirmos nesta formação e fidelização dos recursos humanos. A formação é algo que nos vai permitir aumentar a competitividade”, deixou presente.

O alojamento local foi outro dos assuntos abordados e Luís Araújo defende que “o que precisamos é de bom alojamento local. O alojamento local é uma resposta à procura. O que para nós é importante é trazer e conquistar esse segmento de alojamento para dentro da legalidade”. Ainda sobre  esse assunto, João Cotrim de Figueiredo defende que “a capacidade de escolha dos turistas acaba por levar a uma uniformização dos serviços que estão a ser prestados”.

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