AHP 2019: “Na hotelaria assiste-se claramente a um abrandamento do crescimento”, Raul Martins

Raul Martins, presidente da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, garante que “na hotelaria assiste-se claramente a um abrandamento do crescimento”, embora “os dados recolhidos, até agosto de 2019, em Portugal mostram que as receitas, o volume de turistas e dormidas e o peso do Turismo nas exportações continuou a crescer”.

O dirigente associativo, que discursava na abertura do congresso da associação que representa, a decorrer até sexta-feira em Viana do Castelo, garantiu que “a taxa de ocupação nos hotéis, até agosto deste ano, caiu ligeiramente (meio ponto percentual), o preço médio, que no último ano tinha crescido 7%, até agosto deste ano cresceu, sim, mas apenas 2%, tal como o REVPAR na hotelaria, que em 2018 cresceu 5% e até agosto deste ano cresceu, também, mas 2%”.

Segundo Raul Martins, “o que mais cresceu foi, inequivocamente, a oferta de alojamento”, adiantando que “desde o inicio do ano abriram ou reabriram 36 hotéis, de acordo com o Registo Nacional de Empreendimentos Turísticos, o que significa mais 3% de quartos e de camas. Neste momento, portanto, temos disponíveis no mercado 205.816 camas hoteleiras”.

E paralelamente “a oferta de camas em Alojamento Local, se bem que abrandando em 2019, regista, neste momento, números impressionantes. Falamos de 91 mil estabelecimentos e com uma capacidade para 523 mil camas. Mais do dobro da hotelaria! Que corresponde a um aumento de 17%, mas que em 2017 e 2018 correspondeu a um crescimento de 47% e 44%, respetivamente”, afirmou.

O hoteleiro disse que “a questão que se coloca é como continuar a ocupar esta oferta a preços que não degradem o destino e nos garanta o posicionamento em que toda a indústria e os decisores públicos apostam”.

A par da questão da oferta crescente de alojamento, Raul Martins avançou que existem outros desafios com que o setor e, em particular, a hotelaria se debate.

Deu como exemplos, uma vez mais, “o estrangulamento do aeroporto Humberto Delgado, agravado nos próximos anos pelas obras de remodelação, que leva a recusar dois milhões de passageiros por ano; a dependência do Algarve da tour operação e as paralelas insolvências de grandes operadores, online e offline; a debilidade da operação aérea no Funchal; o abrandamento do crescimento económico da Europa; a recuperação de outros destinos de sol e mar; a escassez de recursos humanos para trabalhar no turismo; a muito sensível questão da quebra de dois grandes mercados para Portugal [inglês e alemão], para enunciar apenas alguns, obriga-nos a ser muito dinâmicos, atentos às tendências, rápidos nas decisões”.

Desta forma, o responsável assegura que “os próximos dois anos serão de decréscimo da ocupação que terá de ser compensado pelo aumento da estada média e da receita total, até que o aumento da capacidade aeroportuária de Lisboa, com a construção do aeroporto do Montijo, comece a fazer aumentar o número de passageiros e turistas”.

*A VIAJAR MAGAZINE em Viana do Castelo a convite da AHP

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