Nos últimos anos a palavra sustentabilidade saltou para o topo das agendas das políticas públicas e privadas. Tem servido de bandeira para discursos, manifestações e intenções. Mas o tema é mais antigo, tem décadas, e ainda há muito para explorar e fazer em vários setores de atividade, num percurso que deve envolver todos num espírito de missão capaz de concretizar objetivos e atingir metas.
No Alentejo e no Ribatejo, no que ao Turismo diz respeito, não passámos ao lado desta temática que a todos diz respeito e que pode, deve e vai fazer a diferença no momento de decisão do destino a visitar.
O processo é longo, moroso e requer muito planeamento, estratégia e, acima de tudo, sensibilização e concertação. Foi exatamente esse o caminho que começámos a percorrer em 2016, ano em que iniciámos a implementação do projeto Biosphere Responsible Tourism, reconhecido por entidades internacionais como a UNESCO, a Organização Mundial de Turismo e o Global Sustainable Tourism Council.
Em parceria com os responsáveis das unidades hoteleiras do nosso território realizámos um trabalho que permitiu assegurar o cumprimento de um conjunto de requisitos que, convergindo entre si, garantem um bom desempenho em matéria de turismo sustentável, nomeadamente no negócio; estratégia e gestão; preservação do património cultural; participação no desenvolvimento económico e social do destino; eficiência na utilização dos recursos e satisfação do cliente.
Este mês, a execução destes valores foi reconhecida às unidades de alojamento em espaço rural e de habitação, assim como ao projeto Alentejo Feel Nature, uma iniciativa da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) que contempla 32 percursos pedestres.
O processo é dinâmico e pretende-se transversal a toda a cadeia de valor, onde se situam por exemplo as empresas de animação turística, visando assim que todo o nosso território seja um Território Turístico Sustentável.
Contudo, até lá e ao abrigo da Estratégia Turismo 2027 – que assenta na afirmação do “Turismo como hub para o desenvolvimento económico, social e ambiental em todo o território, posicionando Portugal como um dos destinos turísticos mais competitivos e sustentáveis do mundo” – estamos a preparar muitos outros passos decisivos.
Desde logo, a Entidade Regional de Turismo do Alentejo / Ribatejo está empenhada em contribuir para alcançar as metas da Estratégia Turismo 2027, mas também em reforçar o papel do setor nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas; em promover a transição energética e a agenda para a economia circular das empresas; em envolver os stakeholders num compromisso conjunto de transformação da oferta e sustentabilidade do destino; e em estimular uma mudança de atitude em toda a cadeia de valor.
Neste sentido, o planeamento passa por estruturar uma oferta cada vez mais sustentável, qualificar os agentes do setor e monitorizar as métricas de sustentabilidade.
Com base na implementação deste trabalho, a Entidade Regional de Turismo, no mercado nacional, e a Agência Regional de Promoção Turística, a nível internacional, irão promover o Alentejo e o Ribatejo como destinos sustentáveis. Dois destinos onde os valores da sustentabilidade estarão presentes na oferta, na mobilidade, na acessibilidade, no património, na inovação e na eficiência ambiental.
O caminho está a ser percorrido. Em estreita sinergia com os agentes públicos e privados estamos a preparar o futuro de duas regiões que, apesar de diferentes, têm em comum identidade, singularidade e também a vontade de se afirmarem como “Lugares” onde a sustentabilidade terá de ser uma realidade.
Vítor Fernandez da Silva
Presidente do Turismo do Alentejo/Ribatejo e da Agência Regional de Promoção Turística