“Chegado ao fim, o 29.º Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo é cedo para tirar conclusões, mas é o tempo certo para um balanço e modéstia à parte foi um sucesso, sem qualquer dúvida. Acertámos no tempo, nos oradores, moderadores, na região, no local, nos parceiros e, claro, nos congressistas. Foram 423 os que estivemos aqui reunidos em Coimbra, muito obrigada a todos”. Foram com estas palavras que Raul Martins, presidente da AHP – Associação de Hotelaria de Portugal encerrou três dias de trabalhos no Convento de São Francisco, em Coimbra.
No último dia deste congresso houve ainda tempo para a discussão de dois painéis: “The Future of Hotel Revenue Management: Big Data, Business Inteligence & Analytics para hoteleiros” e “Novas tendências do alojamento – The Hotel. The Hostel. The House”.
Dois painéis que mereceram a atenção dos congressistas e que contaram com oradores como Mike Ferguson, managing director Intelligent Business Strategies, que falou à plateia sobre “mais do que aumentar o RevPar, o objetivo é, cada vez mais, garantir o aumento do net revenue. O processo de conhecer, compreender, antecipar e reagir às tendências da procura é fundamental para vender o quarto certo ao cliente certo, pelo preço certo no canal certo”.
Luísa Dâmaso, diretora da Ntech.news, Paula Ferro, diretora-geral do Hotel Santa Justa e Alfredo Reis, administrador Blue&Green juntaram-se a este debate que questionou se o investimento feito no Business Inteligence pode vir a ser recuperado a médio prazo, assim como a capacidade que cada unidade hoteleira tem em analisar os dados recolhidos. No ar ficou ainda a preocupação com a nova lei de proteção de dados, que em maio do próximo ano entrará em vigor na União Europeia e que para muitos tem parâmetros ainda desconhecidos.
A fechar a ordem de trabalhos, destaque ainda para o último painel que contou com André Sardet, do Sapientia Hotel, João Álvares Ribeiro, da Casa do Rio/Foz Côa e Nicolas Roucos, Bomporto Hotels, que falaram sobre as novas tendências do alojamento. Para estes há clientes para todo o tipo de oferta e esta poderá não interferir com as cadeias hoteleiras. Um painel moderado com Rodrigo Machaz, diretor-geral do Memmo Hotels e que suscitou algumas questões por parte dos congressistas.
Em jeito de balanço, Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP, aproveitou para deixar três notas, relembrando o discurso de abertura de Raul Martins ao afirmar que “encarar o futuro com otimismo e realismo presume que olhemos de frente para seis temas: 1.º a pressão turística por um lado e a falta de procura por outro; 2.º a crescente e permanente entrada de novos competidores sejam eles de países, destinos, ofertas de alojamento, hotéis e outras; 3.º a escassez de recursos humano dedicados ao turismo e os contratos coletivos de trabalho que estão obsoletos; 4.º o esgotamento no curto prazo do Aeroporto Humberto Delgado; 5.º as alterações climáticas; 6.º o impacto que os episódios de perturbação política, económica e social trazem à nossa indústria”.
Temas estes, que na sua opinião acabaram por ser debatidos neste 29.º Congresso “quer direta, quer indiretamente”, acrescentando acreditar que “nos ajudaram a traçar a rota do futuro. Afirmar Portugal como um destino estável, maduro e sustentável tanto para quem visita, como para quem é visitado”.
Cristina Siza Vieira relembrou que a AHP desenvolve várias iniciativas para dar resposta a “algumas das referidas preocupações”, relembrando que se têm “batido para garantir a competitividade da hotelaria nacional hoje e sempre”.