A Rede de Cidades Criativas da UNESCO – UNESCO Creative Cities Network – foi criada em 2004. As cidades que integram este projeto têm como objetivo comum a utilização da cultura e da criatividade como instrumentos de transformação das cidades em lugares seguros, inclusivos, sustentáveis e preparados para o futuro. A Rede serve como uma plataforma internacional de intercâmbio e colaboração entre cidades para a implementação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas, designadamente o Objetivo 11 sobre cidades e comunidades sustentáveis.
No Centro de Portugal, são cinco as cidades que integram este projeto. Na Região do Oeste, a cidade de Caldas da Rainha foi distinguida na categoria de Artesanato e das Artes Populares e a Vila de Óbidos na categoria de Literatura. Na Serra da Estrela, a Covilhã integra a categoria do Design. Na Beira Baixa e na Região de Leiria as cidades de Idanha-a-Nova e Leiria, respetivamente, são ambas Cidades Criativas da Música.
Caldas da Rainha – Artesanato e Artes Populares
Caldas da Rainha é conhecida pelos seus produtos cerâmicos centenários, que fazem parte da cultura e da identidade da cidade. A indústria cerâmica, que remonta ao final do século XV, aliou a oferta da matéria-prima – argilas de qualidade – à mão de obra qualificada para produzir artigos utilitários destinados à população e ao hospital termal.
Já no século XIX, um dos artistas mais conhecidos, Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), tornou-se famoso pelas suas ilustrações, caricaturas, esculturas e cerâmica. Atualmente, os antigos motivos naturalistas, figurativos e satíricos coexistem com o design contemporâneo e podem ser observados nos edifícios, lojas e museus, por toda a cidade.
Inserido no território do Estrela Geopark da UNESCO, a Covilhã convida a percorrer as rotas de Arte Urbana e Arte Nova. A descobrir Judiarias, a conhecer o Património Industrial e a Rota da Lã. Mas é em espaços como o New Hand Lab e no Museu Nacional dos Lanifícios da Universidade da Beira Interior que se promove a criatividade, a inovação e o empreendedorismo assente no respeito pela história e pela identidade cultural do seu povo.
Situada na Beira Baixa, Idanha-a-Nova tem uma identidade intimamente ligada à música: investiga profundamente as suas tradições; aposta em infraestruturas culturais; desenvolve o ensino da música e o fabrico e restauração de instrumentos musicais; acolhe um número raro e diversificado de grupos tradicionais e promove, ao longo do ano, uma quantidade impressionante de eventos ligados à música, desde a eletrónica mais moderna aos sons tradicionais, passando pelo registo erudito.
Leiria é uma cidade onde se constrói o Futuro. No século XIII, o rei trovador, D. Dinis, compôs aqui as cantigas de amigo que marcam o cancioneiro galaico-português. Do altaneiro Castelo, olhou a vastidão até ao mar e mandou plantar o Pinhal de Leiria, de onde dois séculos depois sairia a madeira para as caravelas que fizeram a primeira globalização.
Do Teatro D. Maria Pia, desde os finais do séc. XIX, ao atual Orfeão de Leiria, por aqui passaram os grandes concertos das principais salas europeias e os melhores intérpretes nacionais e internacionais, da música e do bailado.
Esta presença constante da música na vida dos leirienses é em grande parte responsável pela sensibilidade artística, pela capacidade criativa e predisposição para consumir cultura que os caracteriza. Aqui têm nascido e crescido músicos, bailarinos, escritores e artistas de várias áreas.
Entre os vários projetos culturais que contribuíram para esta classificação destaca-se o “Óbidos Vila Literária”, evento cultural que nasceu, em 2011, numa parceria entre a Livraria LerDevagar e o Município de Óbidos. Este projeto foi construído no pressuposto de que haveria uma Rede de Livrarias dotadas de espaços específicos para organização de exposições de artes, concertos, conferências e performances.