O Capítulo das Destination Management Companies (DMC’s), criado pela APAVT há pouco mais de um ano e meio, está preocupado com algumas questões em torno do segmento de MI – Meetings & Incentives, nomeadamente a concorrência “desleal” praticada por Espanha e pela Alemanha no que respeita ao IVA neste setor.
Eduarda Neves, managing director da Portugal Travel Team, vice-presidente da APAVT e responsável por este Capítulo de DMC’s, revelou hoje, num encontro com a imprensa do trade, que teve lugar na sede da associação, em Lisboa, que já demonstraram junto da tutela “as principais preocupações que são comuns a todos os DMC’s que fazem parte do Capítulo” e que a entidade responsável pelo turismo em Portugal mostrou-se “recetiva” para todas estas situações.
Presente no encontro esteve ainda, Paula Antunes, diretora-geral da Compasso, Pedro Morgado, diretor-geral da Abreu Destination Management, e Rita Montarroio, da Image More, que fazem parte do Capítulo.
IVA desleal
O tema da “concorrência desleal” provocada pelo facto das empresas poderem recuperar a totalidade do IVA na Alemanha e de Espanha nem sequer o faturar é uma das principais preocupações demonstradas pelo Capítulo. Eduarda Neves garante que isto está a “provocar milhões de perdas todos os anos” nos mercados concorrentes destes dois países, onde Portugal se insere, e “prejudica imenso a economia e o desenvolvimento do Turismo, que está a ter resultados muito positivos ao nível dos individuais e do lazer em Portugal”. E deixa o alerta: “Estamos a perder competitividade”.
Segundo a legislação europeia, Eduarda Neves garante que “os dois países estão a agir ilegalmente, mas por agora ainda não está em curso nenhuma ação” que os impeça de agir desta forma, dado que essa legislação prevê a aplicação do IVA sobre a margem dos incentivos e eventos.
Alojamento insuficiente para eventos
Por outro lado, outra das preocupações demonstradas tem a ver com a “falta de adaptação das unidades hoteleiras” para a disponibilidade, a curto prazo, de receberem clientes que se desloquem a vários destinos do País para “meetings”, onde estão incluídas as conferências, reuniões de trabalho, kick-off, team buildings, entre outros, que “são marcados, cada vez mais, em cima da hora, entre quatro a seis meses de distância da data de realização”. Com o crescimento do turismo individual e de lazer, que agora também já reserva mais cedo, os responsáveis pelo Capítulo afirmaram ser “muito difícil” arranjar alojamento para os seus eventos, sobretudo no Porto e na Madeira, mas também já nos Açores, devido sobretudo ao grande incremento das companhias aéreas low-cost para estes destinos.
Pedro Morgado e Eduarda Neves evidenciaram a importância da necessidade dos hotéis de “adaptarem rapidamente” porque “o cliente MI gasta em média, em três noites, cerca de cinco mil euros”, valor muito superior ao turista individual que nos visita em lazer.
Com a falta de alojamento, os profissionais deixaram presente que começa a ser cada vez mais difícil captar congressos para esses destinos, sendo necessário que os hotéis comecem a “resolver estes bloqueios”.
Escolas com formação pouco especializada
A formação e falta de especialização nas escolas de turismo foi outro dos temas abordados. “O mercado na nossa área específica exige cada vez mais especialização e isso não é dado nas escolas de turismo, é tudo muito centralizado”, referiu Eduarda Neves. Os responsáveis consideram ainda que os cursos são de “muita teoria” e “pouca prática”, o que faz com que haja um desconhecimento do que existe de oferta de mercado ao nível das agências de viagens e potenciais saídas profissionais, até mesmo na área das DMC’s, onde dizem “quase não haver desemprego, desde que haja especialização”.
Como fazer parte do Capítulo
Como um total de 14 DMC’s associadas, o Capítulo tenciona chegar a mais empresas desta área. Para isso, as interessadas terão de seguir algumas regras europeias entre as quais se destaca o facto de terem de ter atividade aberta há mais de três anos no segmento MI; 70% do volume de negócios da empresa tem que ser proveniente do segmento MI; têm que trabalhar com o mercado internacional; ter um seguro de responsabilidade civil com um mínimo de cobertura de um milhão de euros; assinar o código de ética do Capítulo; ser membro da APAVT; e estar registado no Turismo de Portugal.
“Não somos nem pretendemos ser um clube elitista, mas sim um grupo de profissionais que defende que o destino tem de ser a nossa primeira preocupação, com uma elevada qualidade de serviço associada a esta área de negócio”, referiu Pedro Morgado, demonstrando que o Capítulo está aberto a todos os que cumpram a regras a cima descritas.