David Neeleman, acionista da TAP, volta a afirmar que a base aérea do Montijo que, ao que tudo indica, irá receber o segundo aeroporto da região de Lisboa, deverá começar a ser utilizada com espaço temporário de estacionamento de aeronaves que estão a retirar espaço útil ao Aeroporto Humberto Delgado.
O responsável adiantou aos jornalistas, à margem do 28° Congresso da AHP, que está a decorrer, em Ponta Delgada, nos Açores, que esteve reunido, há cerca de três semanas, com o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, e que este se mostrou disponível e interessado em resolver a questão definitiva do posicionamento do novo aeroporto ainda até ao final deste ano.
David Neeleman considera fundamental que o novo aeroporto esteja operacional e a funcionar a cem por cento até ao verão de 2018. Para o especialista do ramo da aviação, só com o novo aeroporto a TAP tem possibilidade de crescer, até porque a transportadora “já pediu autorização para colocar mais oito aeronaves a funcionarem em Lisboa, mas não há espaço para isso”.
Neste sentido a TAP tem vindo a a fazer “muita pressão” para que “a Força Aérea, o Governo e a ANA se sentem à mesa e resolvam tudo isto”.
“Dizem que é preciso um novo sistema de controle de tráfego aéreo na NAV, que custa 15 milhões de euros. Mas nós já gastámos muito mais dinheiro do que isso com atrasos e outras questões”, enalteceu Neeleman, adiantando ainda que “os custos da TAP aumentaram 20 vezes por causa da questão do aeroporto e quanto mais o aeroporto de Lisboa cresce, mais os nossos custos aumentam e isto não pode continuar”.
Quanto à utilização do Montijo para o estacionamento de aeronaves, David Neeleman referia-se, em particular, à euroAtlantic. “Tem muitas aeronaves lá [aeroporto de Lisboa] estacionadas. Se quer estacionar mais do que um dia tem que talvez mudar para o Montijo. Não se pode usar espaço que está sendo usado pelas empresas que estão a trazer pessoas para Portugal. Ninguém quer isso. Devem-se mudar as aeronaves que não estão a ser usadas e deixar-se o aeroporto para quem o está a usar para trazer pessoas”, evidenciou.
Já perante a plateia do congresso, o acionista da TAP relembrou que mais de 80% dos turistas que chegam a Portugal vêm de avião e não se pode continuar a abrir hotéis com um aeroporto fechado, tendo até brincado com os hoteleiros presentes que se a situação continuar “estão fritos”, o que motivou uma enorme reação da plateia ao aplaudi-lo efusivamente.
Questionado sobre a possibilidade das companhias low cost se poderem vir a recusar ir para o Montijo, sobretudo nas rotas em que a TAP é concorrente direta, começou por brincar: “Se eles não querem ir vamos nós”. Para David Neeleman as empresas de aviação se quiserem continuar a crescer em Portugal “vão ter que ir para lá”. Na sua opinião, “a Ryanair não tem problemas com um aeroporto secundário. Não sei da easyJet, mas a Ryanair vai”, evidenciado que o Montijo é “um local bom” por estar “perto de Lisboa”.
* A Viajar nos Açores a convite de AHP
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