por Sílvia Guimarães
Bernardo Trindade, presidente da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, alerta para os desafios que 2023 poderão trazer ao Turismo, e à hotelaria em particular, devido à consequências económicas geradas pelas guerra na Ucrânia, apesar da recuperação e bom ano económico registado durante os primeiros três quartos de 2022.
O dirigente associativo defende que “o ano de 2022 tem sido um ano excecional na recuperação da confiança dos clientes” e relembrou que “Portugal liderará aliás o crescimento económico na União Europeia, tendo esse crescimento uma clara impressão digital: o turismo como mola impulsionadora dessa recuperação”. Mas deixa o alerta: “os anos da pandemia fizeram-nos recuar 20 anos em termos de dormidas e 10 anos em termos de proveitos”, disse durante o seu discurso de abertura do Congresso de Hotelaria, que está a decorrer em Fátima, até amanhã, dia 18 de novembro.
“Se estamos a bater recordes de receita em 2022 realisticamente, a guerra na Ucrânia trouxe um grau de incerteza tal na construção da cadeia de valor do turismo, que não nos permite dizer qual o nível de resultados que teremos em 2022. Tudo está mais caro. O custo da mão de obra, a eletricidade e o gás, a cadeia alimentar, as diversas prestações de serviço. E a perspetiva mantém-se incerta”, frisou.
Dirigindo-se ao ministro da Economia e do Mar e à secretária de Estado do Turismo, presentes na sessão de abertura, o responsável disse que os hoteleiros querem “lealmente continuar a ser parceiros, contribuintes para esta recuperação económica e social do país, mas realisticamente têm de ser ajudados”.
Bernardo Trindade admite “o esforço público feito durante a pandemia”, dando como exemplo medidas como o lay-off simplificado, o apoio à retoma, o Programa Apoiar para as pequenas empresas e as restantes linhas de crédito. Agora afirma precisarem de “ver alargadas as maturidades das linhas de crédito e premiados projetos em função de metas realizadas”, sobretudo devido à “incerteza resultante da guerra na Ucrânia, com a incerteza que resulta da nova ordem mundial, das cadeias de distribuição destruídas, a tesouraria futura é uma incógnita”.
Dando como bom exemplo o Turismo de Portugal a nível do microcrédito, o hoteleiro apontou o facto de termos hoje “um sistema financeiro robusto, temos baixíssimos níveis de incumprimento na banca, temos a garantia mútua, ajudemos as empresas”.
O presidente da AHP mostrou-se satisfeito com o anúncio do governo do “pacote de 3 mil milhões de euros de apoio às empresas para fazer face ao aumento da fatura da eletricidade e do gás” e adiantou que os hoteleiros têm “a expetativa de serem incluídos nesse pacote de ajudas”, devido ao elevado peso destas contas na hotelaria.
A Viajar Magazine no 33º Congresso da Hotelaria, a convite da AHP
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